As conversas entre autoridades e empresários brasileiros e sul-africanos a respeito da intensificação do intercâmbio comercial começa a fluir. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a sua similar na África do Sul, (Naamsa), por exemplo, já iniciaram os contatos e devem, brevemente, incrementar a parceria.
No setor de autopeças, produtos brasileiros são bem conhecidos na África do Sul e as conversas estão em andamento. Também estão em estudo acordos nas áreas de minério, maior fator de exportação da África do Sul, aviação e suco de frutas, com o Brasil líder no suco de laranja e a África do Sul, no de maçã.
— Os canais de distribuição, os pontos de consumo e a logística acabam sendo muito semelhantes. Se conseguirmos motivar empresas brasileiras e sul-africana a trabalhar em conjunto, vamos ter uma gama maior de produtos para oferecer e custos menores de acesso aos mercados — afirmou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.
Furlan discutiu com o ministro do comércio da África do Sul a possibilidade de aprofundar o relacionamento entre o Mercosul e a South African Custom Union (Sacu), a área de união aduaneira dos países do sul da África.
Eles querem, na verdade, acelerar, em seus dois continentes, as negociações para a elaboração da lista unificada de produtos isentos de taxas, que se iniciaram em dezembro de 2000, mas vinha caminhando lentamente.
— Avançando no acordo comercial entre Mercosul e Sacu, vamos ter condições de cada vez mais ter um aumento não só do diálogo político, mas também do encontro econômico sul-sul — comentou o ministro, referindo-se também às recentes discussões sobre a união entre Brasil, África do Sul e Índia e que poderá incluir também a Rússia.
Depois de chefiar a missão comercial desde o dia 5, Furlan embarcou nesta quinta de volta ao Brasil. Os empresários, porém, permanecem em Johannesburgo, onde realizam visitas técnicas a
supermercados, atacadistas e representantes comerciais.
Nesta quarta, houve rodada de negócios entre empresários brasileiros e africanos. Os números ainda não estão consolidados, mas a avaliação do presidente da Agência de Promoção das
Exportações (Apex), Juan Quirós, é de que a missão abriu as oportunidades de negócios para vários setores. Foram mapeados o potencial comercial de 15 setores, entre eles
têxtil, maquinas e equipamentos, cosméticos, calçados e couros.
Mais de 300 empresas sul-africanas compareceram, das quais 220 fecharam ou iniciaram negócios com o Brasil.
— É muito importante entender que o trabalho da Apex visa à inteligência comercial. Temos informação suficiente para transferir alguns setores que poderão, no curto prazo, fazer
negócio— disse Quirós, lembrando que, além das empresas agendadas na rodada, outras 3200 foram cadastras para futuros contatos.
O empresário brasileiro já sabe o nome da empresa, o perfil, potencial de compra, preço médio, e os problemas de logísticas sobre cada uma delas.
— Antecipamos as dificuldades para que, em conjunto com os empresários, possamos dar as soluções e criar as oportunidades de negócios — salientou.