A Bolívia, um dos países mais pobres da América do Sul, luta para superar a crise econômica que explodiu em 1999, vítima da falta de liquidez, de uma taxa de desemprego que duplicou nos últimos três anos e com dois terços da população de 8,5 milhões de habitantes abaixo da linha da pobreza.
Em meio a uma profunda crise política, quatro ministros da área encarregada de conduzir a economia boliviana renunciaram a seus cargos na última segunda-feira.
O PIB boliviano - de cerca de US$ 8 bilhões em 2002 - cresceu apenas 1,37% no primeiro trimestre deste ano. A previsão oficial é alcançar um aumento de 3% em 2003, 25 centésimos percentuais a mais que no ano anterior e o dobro do registrado em 2001 (+1,51%). Já o déficit fiscal do país aumentou abruptamente, saltando de 6,9% para 8,7% do PIB, entre 2001 e 2002, contra 3,7% em 2000.
Em fevereiro, o governo tentou reduzir o elevado déficit para 5,6% do PIB, aplicando impostos aos salários, de acordo com as metas fiscais prometidas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), mas a medida provocou uma grave convulsão social que deixou um saldo de 34 mortos e mais de 200 feridos.
Dois meses mais tarde, a direção do FMI aprovou um acordo 'stand-by' (que complementa o acordo anterior) de um ano com o país sul-americano, com uma linha de crédito de US$ 118 milhões. Segundo o Banco Central da Bolívia (BCB), longe de baixar, o gasto público total subiu 10,71% no primeiro semestre do ano em comparação ao mesmo intervalo do ano anterior.
- O financiamento deste maior déficit impõe uma carga significativa a médio e longo prazo - afirmou em setembro o BCB.
- Temos de prestar muita atenção na redução do déficit, de outro modo, pode-se chegar a um endividamento público insustentável, ou a uma forte expansão monetária que pode gerar aumentos indesejáveis de preços - alertou o BCB.
A entidade destacou, porém, um leve avanço de alguns indicadores, como o crescimento da economia pelo oitavo trimestre consecutivo, a melhora da conta corrente da balança de pagamentos, a estabilização dos depósitos no sistema financeiro e a baixa inflação (0,23%, em setembro).
A Bolívia foi uma das primeiras nações a se beneficiar da iniciativa internacional para reduzir as dívidas dos países pobres muito endividados e, em junho de 2001, recebeu um alívio equivalente a 15 pontos do PIB em valor líquido atual (VNA). O que aconteceu, entretanto, foi um novo endividamento e, no final de 2002, o nível de sua dívida pública em UNA continua sendo equivalente a 45% de seu PIB, igual ao final de 2000.
Atualmente, o sistema financeiro boliviano está praticamente dolarizado, com 92% dos depósitos e 97% dos empréstimos na divisa americana. A taxa de desemprego duplicou nos últimos três anos, atingindo 11,6% (2002) da População Economicamente Ativa (PEA) de quase 4 milhões de pessoas.
O presidente boliviano, Gonzalo Sánchez de Lozada, voltou ao poder há pouco mais de um ano, exatamente com a promessa de criar 'empregos e mais empregos'. Segundo o FMI, no final de 2002, dois terços da população boliviana de 8,5 milhões de habitantes viviam abaixo da linha da pobreza e a metade destes, na miséria.
Bolívia luta contra a crise do desemprego
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Segunda, 13 de Outubro de 2003 às 21:58, por: CdB