A Bolívia, que nesta segunda-feira decretou a nacionalização das suas reservas de petróleo e gás natural, já havia anunciado medida similar em duas ocasiões anteriores, ao longo de sua história. Em 1937 e 1969, períodos em que a nação foi governada sob regimes militares, as reservas petrolíferas do país passaram a ser administradas pelo Estado.
A primeira nacionalização ocorreu durante o governo do tenente-coronel German Busch, no contexto do confronto bélico entre Bolívia e Paraguai entre 1932 e 1935, que ficou conhecido como "guerra do petróleo". Naquela ocasião, o regime de Busch confiscou as concessões petrolíferas da companhia americana Standard Oil. A segunda nacionalização foi registrada durante a administração do general Alfredo Ovando Candia, que expropriou as concessões da também norte-americana Gulf Company.
A proposta de nacionalização anunciada nesta segunda-feira pelo presidente Evo Morales determina que o Estado detenha o controle e a direção da produção, transporte, refinamento, distribuição, comercialização e industrialização dos hidrocarbonetos em todo o país. A medida afeta cerca de 20 empresas multinacionais, entre elas a Petrobras (Brasil), a Repsol YPF (Espanha e Argentina), British Gas e British Petroleum (Reino Unido) e a Total (França).
O decreto de nacionalização estabelece ainda às companhias estrangeiras a repartição dos lucros derivados do petróleo, dos quais 82% irão ao Estado boliviano. As empresas petrolíferas se beneficiaram com 82% dos lucros entre 1996 e 2005, quando uma nova lei redefiniu os valores de 50% para cada uma das partes.