Um tribunal italiano declarou como culpado por colaboração com a máfia neste sábado um aliado político e parceiro de negócios do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, determinando pena de nove anos de prisão. O mesmo júri inocentou o premier italiano.
O veredicto ocorreu menos de 24 horas depois que Berlusconi escapou da condenação em um grande julgamento de corrupção na capital financeira da Itália, Milão. Marcello Dell'Utri, um senador do Partido Força Itália, de Berlusconi, e ex-presidente da empresa de publicidade Publitalia, do primeiro-ministro, foi acusado de ter atuado como ponte entre criminosos e a elite política e econômica italiana.
Promotores públicos haviam pedido 11 anos de prisão, alegando que Dell'Utri tinha contatos frequentes com a máfia quando trabalhou para a Fininvest, da família Berlusconi, de 1974 a 1994. A corte levou 13 dias para chegar ao veredicto - um recorde para os tribunais anti-máfia de Palermo. A decisão, da qual Dell'Utri deve apelar, também o mantém afastado de cargos públicos.
- Está claro que a legitimidade da prova foi confirmada (pela corte) - disse o promotor Antonio Ingroia.
Dell'Utri ajudou a criar o partido Força Itália e atuou como gerente da campanha de Berlusconi na eleição de 1994, que levou o magnata da mídia ao poder. Berlusconi, que nomeou Dell'Utri para o conselho executivo do partido na semana passada, segundo interlocutores, teria dito a membros do partido: "Eu não poria uma mão no fogo por ele, mas as duas."
O julgamento em Palermo começou em 1997, mas o depoimento de uma importante figura da máfia siciliana que foi presa em 2002 e se tornou testemunha do Estado forneceu algumas das acusações mais pesadas para a promotoria.
Antonio Giuffre disse que Dell'Utri era a principal ligação da Cosa Nostra com a Força Italia, recebendo em troca favores políticos e apoio eleitoral. Giuffre também testemunhou que Berlusconi tinha se encontrado com um grande criminoso, o que é negado pelos advogados do primeiro-ministro.
Na sexta-feira, Berlusconi escapou da condenação em um julgamento de corrupção depois que juízes defenderam ter acabado o prazo que o primeiro-ministro fosse condenado pelas acusações de suborno a um juiz.