A quatro dias das eleições para o Parlamento Europeu, o premier italiano Silvio Berlusconi não poderia ter sonhado com um presente melhor para ele e seus aliados de centro-direita. Em menos de 24 horas na terça-feira, os italianos mantidos reféns no Iraque foram libertados, a polícia italiana lançou uma operação antiterror efetuando prisões importantes em Milão e a ONU aprovou uma resolução sobre o país árabe que era defendida pelo governo de Berlusconi.
"A libertação dos reféns e a nova resolução da ONU mudaram o cenário político", afirmou o Il Sole-24 Ore, um respeitado jornal italiano da área financeira. Segundo analistas, o clima de confiança no país pode influenciar as eleições do final de semana, vistas pelo premiê como um teste para seus três anos de governo.
"Berlusconi está, compreensivelmente, morrendo de alegria. E isso porque sente a vitória se aproximando", afirmou o jornal Corriere della Sera. A questão, agora, é saber quanto dessa atmosfera pode se traduzir em votos.
Berlusconi disse querer ver seu partido, o Força Itália, igualar ou superar os 25,2 por cento de votos recebidos nas eleições européias de 1999. Algumas pesquisas sugeriam dias atrás que sua legenda receberia apenas 23 por cento dos votos.
Após a libertação dos reféns e a prisão dos suspeitos de terrorismo, Berlusconi falou por telefone do avião que o levava para a cúpula do G8, nos EUA. Disse que os últimos acontecimentos eram uma prova de que as políticas de seu governo no Iraque estavam funcionando.
Mas a oposição de centro-esquerda acusou o premiê de explorar politicamente a situação.
"Berlusconi fez do rádio e da televisão seus reféns", escreveu o jornal L'Unita, ligado ao partido Democratas de Esquerda, o maior da oposição.
Os três reféns italianos libertados no Iraque voltaram para casa na quarta-feira, depois de quase dois meses no cativeiro. Angelo Stefio, o pai de um dos reféns libertados, ajoelhou-se antes de abraçar seu filho e lhe entregar uma enorme bandeira italiana que ele havia mantido no terraço de sua casa desde que seu filho foi feito refém.
"Nós voltamos à vida", disse Francesca Bonerba, a noiva de um dos três reféns, Umberto Cupertino, no aeroporto Ciampino, de Roma. "Foi um pesadelo que durou dois meses".
Os três italianos - Cupertino, Maurizio Agliana e Salvatore Stefio - trabalhavam no Iraque para uma firma de segurança norte-americana e foram sequestrados em 12 de abril. Um quarto refém italiano, Fabrizio Quattrocchi, foi morto a tiros depois que a Itália se recusou a retirar suas tropas do Iraque