O premier da Itália, Silvio Berlusconi, cedeu a seus aliados, aceitando o ultimato dado pela União Democrata-Cristã (UDC) para que designe em dez dias um novo ministro da Economia. Berlusconi, no entanto, anunciou suas intenções de maneira ambígua, com três palavras - 'por alguns dias' - durante discurso no congresso anual de secretários públicos das finanças, em Roma.
A imprensa italiana revelou o descontentamento de Berlusconi com o ultimato dado pelos centristas.
- Pela primeira vez, durante o Ecofin (a reunião dos ministros da Economia da União Européia), foi dado crédito a uma simples promessa feita pelo chefe de Governo italiano e, por alguns dias, ministro interino da Economia e Finanças - declarou Berlusconi enfaticamente, explicando os compromissos assumidos por seu país segunda-feira em Bruxelas para reduzir o déficit público e evitar sanções da UE.
O chefe de Governo italiano convocou um conselho de ministros para sexta-feira para confirmar as medidas de austeridade, que alcançam 5,7 bilhões de euros.
Berlusconi viu-se obrigado no último sábado a aceitar a renúncia do ministro da Economia e Finanças, Giulio Tremonti, devido a um desentendimento com o vice-primeiro-ministro, Gianfranco Fini, chefe do partido da Aliança Nacional (direita), sobre a política econômica do governo.
A substituição de Giulio Tremonti, que foi braço direito de Berlusconi, gerou novas tensões dentro da coalizão no governo. A União Democrata-Cristã (UDC) pressionou Berlusconi a eleger o novo ministro da Economia em menos de dez dias, ameaçando, caso contrário, deixar o governo.
Berlusconi organizou uma reunião com Gianfranco Fini e Marco Follini, secretário-geral da UDC, na tentativa de resolver a crise atual. Mas também lançou farpas contra seus aliados ao final o congresso dos secretários de finanças.
- Embora alguns não gostem, eu continuo sendo o presidente do Conselho. Em vez de me agradecer pelo que fiz no Ecofin, me dão oito dias, como se eu fosse uma empregada - acrescentou.
Na última semana, Marco Follini criticou a maneira centralizadora de Berlusconi conduzir o governo.
Berlusconi cede a aliados para evitar crise
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Quinta, 08 de Julho de 2004 às 01:13, por: CdB