Base aliada ao golpe de Estado frita indicação de deputado tucano

Segundo Temer, não houve qualquer tipo de rejeição diretamente ao tucano Imbassahy para ocupar o cargo, cujo titular é responsável pela articulação do governo com o Congresso

Por Redação - de Brasília

Presidente de facto, Michel Temer afirmou, nesta sexta-feira, em entrevista a uma rádio de Pernambuco, que partidos da base aliada reagiram à possibilidade de o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antonio Imbassahy (BA), assumir a Secretaria de Governo. A fritura de Imbassahy deve-se à disputa para a Presidência da Casa. Apesar das evidências, Temer nega uma nova crise no governo.

O presidente , Michel Temer, acredita que sua gestão não esteja vivendo a pior crise da República

Segundo Temer, não houve qualquer tipo de rejeição diretamente a Imbassahy para ocupar o cargo, cujo titular é responsável pela articulação do governo com o Congresso. Mas partidos aliados se manifestaram contra a possível nomeação do deputado para o ministério devido à campanha para o comando da Câmara, em fevereiro.

— Houve uma certa reação não em relação ao nome do Imbassahy, que é um nome mais do que prezado por mim e pelos colegas do Parlamento, mas é que estamos em processo de eleições na Câmara Federal, e alguns partidos acharam que isso poderia favorecer um ou outro candidato — disse Temer em entrevista à rádio Jornal.

Centrão x tucano

Partidos do chamado centrão reagiram às notícias da escolha de Imbassahy para a Secretaria de Governo com ameaças de bloquear a reforma da Previdência no Congresso. Isso teria levado Temer a adiar a nomeação, segundo reportagens desta sexta-feira.

O Centrão, formado por 13 partidos — incluindo PTB, PSD e PP —, se rebelou contra a nomeação do deputado tucano. Acreditam que a medida seria uma manobra do governo para ajudar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ser reconduzido ao cargo na próxima eleição da Casa.

Temer afirmou, no entanto, que Imbassahy ainda não havia sido oficialmente convidado para o cargo. Antes de fazê-lo, seria preciso costurar todos os apoios necessários “para não desagradar ninguém”, diz ele.

— Recuo zero por uma razão singela, não houve convite ao eminente deputado Antonio Imbassahy. Houve conversações relativas não ao ingresso do PSDB. (O partido) já tem três grandes ministérios no meu governo. Mas à ampliação da participação do PSDB no meu ministério — disse.

Sem crise

Apesar de ter de lidar com uma nova instabilidade em seu governo, Temer afirmou que não existe crise na administração. E negou que trocas de ministros prejudiquem a estabilidade.

— Nós temos uma base muito ampla, então eu não posso, especialmente tendo em vista o apoio extraordinário que o Congresso Nacional está dando às nossas medidas. Não posso desagradar uma ponta da base — acredita.

O comando da Secretaria de Governo está vago desde que o ex-ministro Geddel Vieira Lima pediu demissão no final de novembro. Saiu em meio a denúncias de que pressionou o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para que favorecesse seus interesses pessoais. Geddel queria liberar uma obra, em Salvador, onde tem um apartamento avaliado em R$ 2.5 milhões.

Outros três ministros deixaram o governo em apenas seis meses em decorrência de denúncias de irregularidades. O chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, também tem sido alvo de denúncias.

— Não há crise no governo, por mais que insistam em dizer que há crise — conclui.