O primeiro astronauta do Brasil disse, nesta quarta-feira que pretende levar a camiseta da seleção de futebol ao espaço para dar sorte ao time na Copa do Mundo de junho. Marcos Pontes, de 43 anos, piloto da Força Aérea Brasileira, treinou durante mais de cinco anos para voar até a Estação Espacial Internacional (ISS) a bordo de uma espaçonave russa Soyuz TMA. O lançamento foi organizado a partir do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
- Para comemorar os seis campeonatos do mundo que a equipe brasileira conquistará este ano, vou levar uma camiseta da seleção comigo - disse Pontes em uma entrevista coletiva.
O brasileiro será acompanhado pelo cosmonauta russo Pavel Vinogradov e pelo astronauta norte-americano Jeffrey Williams e regressará à Terra dez dias depois do lançamento com o norte-americano Bill McArthur e o russo Valery Tokarev, que estão em órbita há seis meses.
- Isso é como a final de uma Copa do Mundo e o Brasil está jogando. Trata-se de um momento histórico para o Brasil - disse o médico de Pontes, Luiz Cláudio Lutiis Silveira Martins, perto da "Área 17", o local onde os astronautas ficam antes do lançamento.
Pontes também disse que levará a bandeira brasileira com ele, junto com alguns itens para celebrar o primeiro vôo, realizado 100 anos atrás, pelo brasileiro Alberto Santos-Dumont, considerado o pai da aviação.
- Sobre ser o primeiro brasileiro (a ir ao espaço): é um sentimento muito bom, mas também uma grande responsabilidade - afirmou, acrescentando estar ciente de que se transformaria em um modelo de comportamento.
Sonho realizado
Pontes conversou com repórteres ao lado de Williams e de Vinogradov, os três protegidos por um vidro a fim de evitar contato com germes antes do lançamento. O brasileiro disse sonhar desde a infância em ser astronauta e ingressou no programa de treinamento da Nasa (agência espacial dos EUA) nos final dos anos 1990. Ele deveria ter voado com um ônibus espacial norte-americano em 2001, mas essa missão acabou sendo adiada devido a razões financeiras e depois suspensa indefinidamente quando a Nasa paralisou sua frota de ônibus espaciais em virtude do acidente com o Columbia, em 2003.
- Quero agradecer à Força Aérea do Brasil, que me ensinou a buscar um objetivo. Se alguém der a você uma missão, você deve seguir até o fim, independentemente dos problemas que surgirem. 'Persistência' é a palavra que eu gostaria de lembrar - afirmou.
Depois da suspensão das missões com os ônibus espaciais, a Rússia assumiu sozinha a responsabilidade por levar tripulantes e mantimentos para a ISS com as espaçonaves Soyuz, que se mostraram mais seguras que os ônibus espaciais, apesar de terem sido projetadas nos anos 1960. Engenheiros em Baikonur tiraram o Soyuz TMA-8 de seu hangar na terça-feira. As bandeiras russa, norte-americana e brasileira foram pintadas na espaçonave.