O avanço do mar em praias do litoral norte de São Paulo já destruiu um trecho do acostamento da rodovia Rio-Santos, derrubou muros, quas fechou uma marina, ameaça casas e quiosques e assusta moradores em São Sebastião e Varaguatatuba. O fenômeno, que intriga especialistas, faz o mar avançar em até 20 metros.
O Ministério do Meio Ambiente publicará, no final do ano, um estudo sobre a situação. As análises já foram encerradas, e o trabalho está em fase de conclusão.
O avanço do mar vem ocorrendo apesar de a costa norte paulista não ter agentes degradadores, como rios com alto volume de água, grandes obras e dunas, nem ser submetida a fortes ressacas, como nas regiões Sul e Nordeste e no Rio de Janeiro. Os estragos são mais visíveis na praia de Porto Grande --uma faixa de areia na área urbana de São Sebastião, em frente a Ilhabela-- e em Massaguaçu, a maior de Caraguatatuba.
A água levou faixas de areia, vai obrigar o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) a fazer obras de emergência na rodovia e despejou uma família em Porto Grande. Os moradores tentam proteger suas casas com pilhas de pneus. Mesmo assim, uma família pretende abandonar sua casa hoje.
No Pontal da Cruz, na mesma cidade, marinas reforçam, com pedras, barreiras para tentar barrar a maré. Em Ilhabela, há sinais de erosão no Perequê (centro).
Na praia da Enseada, também em São Sebastião, em dias de maré alta é preciso proteger as casas com barreiras feitas de areia.
Na praia mais freqüentada de Caraguatatuba, a Martim de Sá, já foram registrados avanços de mais de cinco metros, de acordo com pesquisadores, aproximando-se dos quiosques.
O fenômeno, geralmente ligado a movimentos naturais de correntes e sedimentos marinhos, variações do clima ou a grandes obras na orla, ainda não tem causa.
- Até eu estou assustado. Massaguaçu (onde a estrada foi afetada) perdeu mais de 20 metros - diz Moyses Gonsalez Tessler, 53, professor do Instituto Oceanográfico da USP e um dos maiores especialistas do país sobre o vaivém das marés e efeitos na costa brasileira.
Tessler coordenou o grupo que mapeou a erosão e o crescimento anormal de praias no Estado de São Paulo, trabalho que faz parte de um projeto do Ministério do Meio Ambiente em todo o país.