O Comitê do Nobel anunciou nesta sexta-feira que a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2003 é a advogada iraniana Shirin Ebadi, uma ativista pelos direitos humanos conhecida pela defesa de liberdades civis de mulheres e crianças.
Ebadi foi elogiada pelo comitê por defender suas idéias de maneira clara e contundente dentro e fora do Irã, "sem nunca dar atenção às ameaças a sua própria segurança".
"Nenhuma sociedade pode ser vista como democrática se as mulheres não forem representadas", afirmou Danbolt Mjoes, presidente do comitê, durante a cerimônia de premiação, realizada em Oslo, na Noruega.
Shirin Ebadi ganhou fama internacional como a primeira juíza do Irã, mas foi forçada a renunciar à posição após a Revolução Islâmica, em 1979.
Conquista
Ao ser informada da sua vitória, Shirin Ebadi disse que o prêmio é uma conquista dos ativistas de direitos humanos do Irã e um constrangimento para os conservadores que dominam o país.
"Os radicais que dominam o Judiciário vão ver o prêmio como estrangeiros tentando intervir na política iraniana. É constrangedor para eles ver alguém que eles difamaram sendo apresentada como um bom exemplo", afirmou.
"Eu sou muçulmana, portanto, você pode ser muçulmano e defender a democracia. É algo (o prêmio) muito bom para os direitos humanos no Irã, especialmente para os direitos das crianças no Irã."
Segundo a agência de notícias francesa AFP, o governo iraniano - presidido pelo reformista Mohamed Khatami - teria anunciado estar "contente" com a decisão.
Ebadi foi escolhida entre 165 candidatos, entre eles o papa João Paulo 2º, considerado o favorito para o prêmio.
A mais extensa lista de nomes já submetida à academia do Nobel também incluía o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o americano George W. Bush e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
A ativista iraniana vai receber 10 milhões de coroas suecas (o equivalente a R$ 3,7 milhões) em uma cerimônia no próximo dia 10 de dezembro, data de aniversário da morte de Alfred Nobel, o criador do prêmio.
No ano passado, o vencedor do prestigiado prêmio foi o ex-presidente americano Jimmy Carter.