Além de toda a exportação de petróleo iraquiana estar suspensa por causa da sabotagem, uma autoridade graduada do setor petrolífero foi morta por homens armados nesta quarta-feira, em novo golpe contra o governo interino, a apenas duas semanas do final oficial da ocupação dos Estados Unidos no Iraque.
Os guerrilheiros que atacaram os oleodutos intensificaram também a campanha de assassinatos e ataques suicidas para provar que o novo governo não pode controlar o país depois da entrega do poder, marcada para 30 de junho.
Um ataque com carro-bomba destruiu nesta quarta-feira um veículo da polícia iraquiana e outro carro civil que transportava estrangeiros na cidade de Ramadi, no oeste do país, matando pelo menos quatro iraquianos.
Testemunhas disseram que diversos estrangeiros podem estar entre as vítimas. Jabar Humadi, médico no principal hospital de Ramadi, disse que quatro corpos foram levados ao local depois da explosão.
Homens armados mataram Ghazi Talabani, 70, assessor sênior da Companhia de Petróleo Norte do Iraque em Kirkuk, norte do país, no mais recente dos ataques contra iraquianos acusados de colaborar com a ocupação liderada pelos EUA e Grã-Bretanha.
Segundo a polícia, Talabani foi atingido quando se dirigia ao trabalho. Seu motorista ficou ferido com gravidade. Os autores dos disparos fugiram. Manna al-Ubeidi, funcionário da empresa, disse que Talabani, primo em segundo grau do líder curdo Jalal Talabani, era uma pessoa popular que se recusou a empregar seguranças pessoais.
Uma autoridade disse que todas as exportações de petróleo nos portos do Golfo, no sul do país, pararam depois que sabotadores atingiram oleodutos que alimentam os terminais de Basra e Khor al-Amaya nesta semana.
Atos de sabotagem já pararam as exportações escoadas pelo oleoduto do norte, que vai para a Turquia. O Iraque estava exportando mais de 1,6 milhão de barris de petróleo por dia (bpd), em sua única fonte independente de receitas, e esperava voltar aos níveis pré-guerra, de dois milhões de bpd, até 30 de junho. Antes da Guerra do Golfo, de 1991, o Iraque exportava pouco mais de três milhões de bpd.
Fontes da indústria disseram que os trabalhos de recuperação podem durar pelo menos uma semana, ao custo de quase 60 milhões de dólares diários até a retomada das entregas.
Os guerrilheiros reúnem homens leais ao ex-presidente Saddam Hussein, nacionalistas da minoria muçulmana sunita, da qual Saddam faz parte, e militantes islâmicos estrangeiros, alguns deles ligados à Al Qaeda. Todos são contra a ocupação.
Enquanto os ataques crescem no Iraque, o clérigo radical da maioria xiita, Moqtada al-Sadr, disse para os milicianos de seu Exército Mehdi saírem da cidade sagrada de Najaf, possivelmente assinalando o final de seu levante de dois meses contra as forças lideradas pelos EUA.
Sado estava sob pressão de outros clérigos xiitas mais graduados, que são contrários à violência e ficaram assustados com os danos causados a locais sagrados. O clérigo disse nesta semana que vai estabelecer um partido político que pode concorrer nas eleições nacionais marcadas para janeiro. O presidente interino do Iraque saudou a idéia.
A aproximação da entrega do poder ao governo interino intensificou o debate sobre o destino de Saddam Hussein e de milhares de prisioneiros iraquianos mantidos pelas forças lideradas pelos EUA.
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse que não entregará o ditador deposto ao governo interino até que garanta instalações para que ele não escape do julgamento. Saddam foi capturado em dezembro e está detido em um local não identificado.
Grupos de promoção de direitos humanos dizem que, com o fim da ocupação, todos os prisioneiros de guerra deveriam ser libertados, a não ser que a lei iraquiana esteja de acordo com a lei internacional de direitos humanos e mantenha a detenção.
O Pentágono disse que o general George Cas