A presidente filipina, Gloria Macapagal Arroyo, reagiu na quinta-feira aos adversários que preparam uma campanha pelo seu impeachment, o que segundo ela é "um caminho que não leva a lugar nenhum".
Um dia após uma manifestação de 30 mil pessoas pela destituição de Arroyo, acusada de fraude eleitoral e de corrupção na sua família, a presidente disse que não pretende renunciar.
Após perder vários auxiliares na semana passada, ela continua a recompor sua equipe econômica, transferindo o ministro do Planejamento, Romulo Neri, para a importante pasta do Orçamento.
Arroyo também indicou o ex-banqueiro Peter Favila, hoje presidente da Bolsa de Manila, para o Ministério do Comércio. Tito Santos, que era adjunto de Neri, assume o Planejamento.
- Essas são algumas das melhores cabeças econômicas disponíveis. Gloria está demonstrando que sua capacidade de conduzir a economia não foi abalada pelo que acontece na arena política - disse Jose Vistan, analista da AB Capital Securities em Manila.
- Minha popularidade pode estar em baixa, mas minha disposição nunca foi maior. Desafio a oposição a mostrar sua verdadeira cor. Mostrem-me o plano. Não há nenhum, e mesmo que as pessoas não gostem de mim hoje em dia, também não vão seguir um caminho que não leva a lugar algum - disse Arroyo em um evento para diplomatas e filipinos que vivem nos EUA.
A oposição, unida apenas nos apelos contra Arroyo, parece estar acalentando a possibilidade de destituí-la pelo Congresso. A presidente, segundo eles, cairá em uma armadilha se contar com sua maioria parlamentar, pois ela recentemente sofreu derrotas provocadas por aliados.
- Pela primeira vez, os números do Congresso estão avançando na nossa direção. Acho que vamos começar o processo de impeachment com um número substancial de apoios - disse o parlamentar oposicionista Ronaldo Zamora a uma TV.
São necessários os votos de 79 deputados (um terço do total) para iniciar o processo de impeachment e levá-lo ao Senado, onde a oposição precisaria de 16 dos 23 votos.
A manifestação desta quarta-feira foi a maior já realizada pela oposição, e analistas dizem que Arroyo estaria ameaçada se o comparecimento aos protestos aumentar.
Mas as 30 mil pessoas no coração financeiro da capital ainda estão muito aquém das centenas de milhares que se mobilizaram para derrubar o ditador Ferdinand Marcos, em 1986, e o presidente eleito Joseph Estrada, em 2001.
Não há sinal de que a classe média, essencial nas revoltas anteriores, esteja aderindo às manifestações desta vez. Até agora, os protestos reúnem adversários políticos, facções de esquerda, estudantes e agricultores.
Os militares, que já tentaram cometer cerca de 12 golpes de Estado desde 1986, prometeram se manter neutros na crise política.
A incerteza manteve o nervosismo dos mercados financeiros e aumentou os temores de que uma prolongada batalha política paralise as reformas econômicas, destinadas a elevar a arrecadação e controlar a dívida.
O peso e a Bolsa se fortaleceram na quarta-feira, aliviados pelo caráter pacífico da manifestação.
Mas analistas acham improvável uma recuperação sustentada da economia até que a Suprema Corte autorize um aumento do imposto do imposto sobre vendas, essencial para os planos econômicos do governo. A oposição considera o imposto inconstitucional. A decisão judicial pode levar semanas.
Nesta quarta-feira, a Moody's Investors Service seguiu o exemplo de duas outras agências de rating e reviu a perspectiva econômica das Filipinas, que passou de estável para negativa, devido aos temores de que a crise impeça medidas para reduzir o déficit público.
Um extenuante e imprevisível processo de impeachment pode prolongar a incerteza, especialmente se vier acompanhado de mais manifestações nas ruas. A oposição promete realizar o seu maior ato em 25 de julho, quando Arroyo faz seu discurso anual à n