O líder exilado do Haiti Jean-Bertrand Aristide deixou a República Centro-Africana nesta segunda-feira para uma polêmica visita à Jamaica. Aristide, que chegou à África há duas semanas, após ter sido destituído por uma rebelião armada, partiu para a visita mesmo diante de fortes objeções dos Estados Unidos e do Haiti.
``Sim, o avião partiu às 2h15 locais (22h15 deste domingo no horário de Brasília)'', disse uma autoridade de segurança no aeroporto de Bangui, capital do país. A saída de Aristide, que afirma ainda ser o presidente eleito do Haiti e que foi tirado do governo por tropas dos EUA, aconteceu depois que uma delegação de legisladores, em sua maioria norte-americanos e jamaicanos, viajou a Bangui para levá-lo de volta ao Caribe.
Na delegação que foi à África estava Randall Robinson, ex-chefe do grupo de lobby negro dos EUA TransAfrica. Sua mulher disse à Reuters que Aristide deverá fazer ``uma ou duas'' escalas de reabastecimento antes de chegar à Jamaica.
Hazel Ross Robinson contou que falou com o marido por telefone pouco antes de o avião decolar. Questionada se Aristide estava a bordo, ela disse: ``Sim, foi isso que entendi.''
O avião de Aristide fez sua primeira parada no aeroporto de Dacar, no Senegal, de acordo com testemunhas.
O primeiro-ministro da Jamaica disse que Aristide passará até 10 semanas no país vizinho ao Haiti. Aristide não tem asilo político garantido na Jamaica, mas a visita foi criticada no Haiti por aumentar a tensão no país, onde tropas dos EUA e da França tentam restaurar a ordem.
O primeiro-ministro interino do Haiti, Gerard Latortue, disse que permitir a visita de Aristide à Jamaica, localizada a apenas 180 quilômetros da costa haitiana, era um ``ato não-amistoso''.
Washington apoia a idéia de que Aristide deveria ficar longe.