A greve geral marcada para o dia 28, no Brasil, se o governo Temer seguir os moldes do vizinho, Maurício Macri, será reprimida com violência nas principais cidades do país
Por Redação, com agências internacionais - de Buenos Aires e São Paulo
Em um balanço da greve geral argentina, publicado na edição deste sábado do diário francês Libération sob o título “Na Argentina, a raiva se levanta contra a austeridade”, a repressão promovida contra os movimentos sociais e as centrais sindicais, por determinação do governo neoliberal de Mauricio Macri serve de exemplo para o movimento paredista brasileiro, convocado para o próximo dia 28.
"A greve geral será um passo decisivo na luta que continuaremos a travar, sem trégua, para derrotar o governo golpista", diz a CUT, em nota de sua direção nacional. "Vamos parar o País no dia 28 de abril, mandando mais uma vez nosso recado para a quadrilha que tomou o poder através do golpe e para sua base de parlamentares corruptos no Congresso: Nenhum direito a menos!", afirma a central. Os sindicalistas brasileiros disseram, ainda, que a paralisação do dia 28 faz parte de uma ação estratégica "para derrotar a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e a terceirização propostas pelo governo ilegítimo de Michel Temer".
Gás de pimenta
Caso o governo Temer resolva copiar os métodos de repressão do país vizinho, como tantas vezes ocorreu, no passado, a violência ganhará as ruas. Segundo o diretor da Central Geral dos Trabalhadores (CGT) argentina Héctor Daer, em entrevista a jornalistas neste sábado, em Buenos Aires, “a paralisação foi contudente”. Em todo o país, segundo o líder sindical, houve adesão massiva à greve.
— A ordem do governo foi desalojar os trabalhadores dos meios de transporte, estradas, ruas e avenidas das principais cidades do país. Principalmente, aquelas vias que chegam à capital. A repressão foi dura, com gás de pimenta, jatos d’água e violência física desmedida — relatou.
Os níveis de pobreza, no país vizinho, amplia-se com velocidade semelhante à dos brasileiros. Com o mesmo discurso do presidente de facto, Michel Temer, imposto após o golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, Macri tornou-se presidente da Argentina com a “pobreza zero” entre suas prioridades. Mas, em linha com o que ocorre no Brasil, sua gestão avança na direção contrária.
Pobreza comum
Nos primeiros três meses do ano, há mais 1,4 milhão de novos pobres na Argentina. O número significa 5,5 pontos, de acordo com estimativas do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA). Na ausência de números oficiais, este organismo é muito respeitado até pela equipe econômica argentina. E assegura que em meados de março cerca de 13 milhões de pessoas estavam abaixo da linha da pobreza. Não tinham renda suficiente para satisfazer suas necessidades básicas. Um total de 34,5% do total argentinos.
A inflação promovida pela gestão de Macri é outro ponto em comum com a economia gerida pela equipe de Temer. Os preços não param de subir, nos dois países. Em especial, os alimentos, que dispararam cerca de 10% nos primeiros três meses do ano em Buenos Aires. Trata-se do índice de pobreza “mais alto dos últimos sete anos”, disse o diretor do observatório, Agustín Salvia.
Salvia manifestou preocupação com a “difícil” situação econômica que atravessa a Argentina. Principalmente, devido ao rápido aumento do custo de vida e as consequências sobre os mais vulneráveis.