Tony Blair e seus adversários percorreram a Grã-Bretanha na terça-feira, na reta final de uma campanha eleitoral que, segundo as pesquisas, dará um terceiro mandato ao primeiro-ministro, apesar do ônus político da guerra do Iraque.
Após uma semana de ataques à integridade de Blair e ao apoio que ele deu à ação militar norte-americana, uma pesquisa Mori indicou que seu Partido Trabalhista terá uma confortável vitória, com margem superior a 10 pontos percentuais, na votação de quinta-feira.
O Partido Conservador, o principal da oposição, acusa Blair de mentir sobre os conselhos que recebeu de um procurador do governo a respeito da legalidade da guerra em 2003.
Parentes de soldados que morreram no Iraque lançaram na terça-feira uma campanha para levar Blair à Justiça pela "fraude".
Mas, em campanha na cidade de Loughborough, no centro da Inglaterra, o líder conservador, Michael Howard, ignorou a questão do Iraque e se dedicou a assuntos domésticos, como criminalidade, imigração e impostos.
Ele acusou Blair de não ter um programa positivo de governo -- na verdade, o mesmo ataque que o premiê faz a seus adversários.
O Partido Trabalhista está ainda mais interessado em deixar o Iraque para trás e se concentrar em questões econômicas, uma vez que o país registra oito anos consecutivos de sólido crescimento.
Mas a questão do Iraque ainda domina a reta final da campanha. A viúva do soldado Anthony Wakefield, morto na segunda-feira no sul do Iraque, culpou Blair por seu luto. "Senti que Tony Blair mentiu para nós e só foi à guerra para cimentar seu lugar na história", disse Ann Toward.
As pesquisas indicam que o Iraque não terá grande impacto sobre as ambições de Blair em se tornar o primeiro trabalhista a conseguir três mandatos consecutivos como primeiro-ministro.
A pesquisa Mori/Financial Times aponta os trabalhistas com 39 %, três pontos a mais do que na semana passada. Os conservadores, de direita, perderam cinco pontos e estão com 29. Os liberal-democratas, de centro, têm 22.
Com esse resultado, Blair teria uma maioria de 146 votos no Parlamento -- inferior aos 161 atuais, mas ainda significativa.