A máxima de que o comércio forja o desenvolvimento foi questionada nesta quarta-feira no pronunciamento do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, durante a abertura da V Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio, em Cancún, México. A realidade, segundo afirmou, não coincide com esta retórica.
O secretário Kofi Anan também responsabilizou os países ricos pelos problemas de desigualdades no comércio e pediu que fossem respeitados os acordos feitos no chamado Plano de Desenvolvimento de Doha, quando foram assumidos compromissos em favor dos países pobres.
O diretor-geral da OMC, Supachai Panitchpakdi, por sua vez afirmou que o sistema de comércio não pode oferecer uma solução completa para os problemas dos países, "mas oferece sem dúvida uma contribuição importante".
O presidente do México, Vicente Fox, afirmou que "não podemos permitir que o bem-estar social fique restrito apenas a algumas nações num mundo marcado pela exclusão e pela injustiça. Não podemos postergar a batalha contra a pobreza e a marginalização". Ele pediu aos países representados na reunião para escutar o que pedem as organizações civis contra os efeitos excludentes da globalização nos países mais pobres.
Esses discursos na conferência da OMC foram aplaudidos por ativistas e em menos proporção por delegados de países industrializados.
O comissário de Agricultura da União Européia, Franz Fischler, rechaçou as acusações de Annan e dos países em desenvolvimento sobre protecionismo do bloco europeu. A União Européia deseja, segundo ele, que a metade de suas importações agrícolas procedentes dos países em desenvolvimento se realizem sem a cobrança de tarifas e com total liberdade de tarifas para os 50 países mais pobres do mundo.
Annan responsabiliza ricos por desequilíbrio mundial
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Quarta, 10 de Setembro de 2003 às 19:51, por: CdB