O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, nomeou o líder do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) como seu novo chefe de gabinete, com a missão de acelerar as reformas na entidade global, que enfrenta acusações de corrupção e relações tensas com os Estados Unidos.
Mark Malloch Brown, ex-chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, substituirá Iqbal Riza, 70, que anunciou sua aposentadoria há duas semanas. Duas outras importantes autoridades da ONU serão substituídas na mesma época, no que a ONU classificou como alterações de fim de ano.
As trocas dão a Annan a oportunidade de realizar as reformas que prega na entidade, enquanto tenta minimizar os danos do escândalo de corrupção do programa petróleo-por-comida, no Iraque. A ONU também investiga integrantes da missão de paz da República Democrática do Congo acusados de estupro e prostituição. Ao mesmo tempo, a entidade coordena trabalhos monumentais de assistência às vítimas do maremoto no Índico, além de ter atuação importante na organização da eleição iraquiana.
O britânico Malloch Brown, 51, realizou uma reforma no Pnud, que mantém programas em 166 países. Ele assumiu o cargo em 1999, depois de atuar como vice-presidente do Banco Mundial, responsável por questões externas e relações públicas.
Os outros dois funcionários importantes que decidiram deixar a ONU são a norte-americana Catherine Bertini, subsecretária-geral para administração, e Jean-Pierre Halbwachs, das ilhas Maurício, auditor da entidade.
Bertini foi diretora-executiva do Programa de Alimentação da ONU, com sede em Roma, durante dez anos, antes de ir para Nova York, em janeiro de 2003. Ela deve sair antes da metade do ano, para buscar outras oportunidades na carreira, segundo afirmou.
Já Halbwachs disse à sua equipe que pretende se aposentar em fevereiro, quando faz 55 anos, depois de 32 anos na entidade, disseram representantes da ONU.
Encontro secreto
Um grupo de amigos de fora da ONU se reuniu com Annan no dia 5 de dezembro, no apartamento do ex-embaixador da ONU Richard Holbrooke, para discutir uma operação de resgate da entidade e da reputação de Annan, afirmou hoje o jornal The New York Times.
Eles afirmaram, de acordo com participantes, que Annan tinha que reconstruir suas relações com Washington, já que integrantes da administração atual acreditam que ele e a ONU trabalharam contra a reeleição do presidente dos EUA, George W. Bush, disse o jornal.
Annan também foi aconselhado a combater a burocracia interna, que tende a proteger funcionários de escândalos. Um dos casos mais notórios foi a manutenção do holandês Ruud Lubbers no posto de Alto Comissário da ONU para Refugiados. Ele é acusado de assédio sexual e de ter intimidado testemunhas. Segundo a reportagem, Annan ouviu mas não fez comentários.