A NTV, um importante canal de televisão da Rússia, demitiu nesta quarta-feira seu principal âncora acusando-o de se rebelar contra mudanças feitas em seu programa. A medida reviveu os boatos sobre a imposição de censura aos meios de comunicação do país.
Leonid Parfyonov, um dos rostos mais conhecidos da TV russa, protestou na última segunda-feira depois de os dirigentes do canal terem cancelado a exibição de uma entrevista com a viúva de um líder checheno morto no Catar. A entrevista iria ao ar no domingo, durante o programa Namedi, comandado por Parfyonov.
O apresentador rejeitou as razões apresentadas pela NTV, segundo a qual a entrevista poderia provocar problemas para os dois agentes russos acusados de terem matado o rebelde Zelimkhan Yandarbiyev. Os dois estão sendo julgados no Catar.
Segundo Parfyonov, a decisão de cancelar a exibição da entrevista havia sido tomada sob pressão de autoridades da área de segurança. "Disse desde o início que não participaria dos esforços para encobrir isso", afirmou o apresentador nesta quarta-feira.
"Vou divulgar essa história e não vou ser responsabilizado por essa vergonha", disse à Reuters, acrescentando que sua carreira como repórter de política estava provavelmente encerrada, em vista do crescente controle do governo sobre os meios de comunicação.
Em um comunicado breve, divulgado no site da NTV, o canal afirmou que Parfyonov foi demitido porque não obedeceu a direção da empresa. A NTV, o primeiro canal de TV independente da Rússia, acabou caindo sob o controle da empresa estatal Gazprom em 2001 por causa de dívidas, em meio a uma batalha entre o governo e o primeiro proprietário da rede, Vladimir Gusinsky, atualmente no exílio.
Adversários do presidente russo, Vladimir Putin, acusam-no de investir contra os meios de comunicação, sufocando as críticas a seu governo. Em março, Putin foi reeleito com uma margem folgada de votos.