Com o mesmo sorriso com que deseja boa-noite para os telespectadores, Ana Paula Padrão admite que é um tanto preguiçosa. Difícil acreditar. Afinal, da hora em que acorda ao momento em que vai dormir, nunca antes das três da manhã, ela não pensa em outra coisa senão em trabalho. "Workaholic" assumida, não freqüenta academias, nem pratica esportes. Ela parece dedicar toda a sua energia ao jornalismo. Mal chegou do Japão, por exemplo, já pensa em viajar para a África. Nesse meio tempo, porém, vai entrevistar os presidenciáveis no Jornal da Globo. "Nos últimos dois anos, tirei menos férias do que deveria. Mas não reclamo da minha jornada diária de trabalho. Não dá para fazer o jornal que eu quero trabalhando menos", pondera. Aos 36 anos de idade e 16 de profissão, Ana Paula deseja manter o Jornal da Globo o mais longe possível da bancada. Se pudesse, viveria viajando. Ana Paula já visitou campo de refugiados em Kosovo, mostrou o regime talibã no Afeganistão e conheceu pessoalmente a crise financeira na Argentina. Durante a Copa do Mundo, apresentou o Jornal da Globo direto de Tóquio, no Japão. Apesar do envolvimento "full-time" com a notícia, Ana Paula garante que torceu - e muito - pela Seleção Brasileira. "Não existe nada igual ao Brasil entrar em campo com o estádio cheio. É muito emocionante! Não há como não torcer...", confessa, levemente encabulada. Depois de regressar do Japão, Ana Paula Padrão não vê a hora de embarcar para a África. Lá, pretende fazer uma série de reportagens sobre os excluídos da globalização. Mas, entre uma viagem e outra, Ana Paula Padrão ainda tem a sucessão presidencial pela frente. No próximo dia 5, ela recebe o primeiro dos quatro principais candidatos à Presidência da República numa rodada de entrevistas. O envolvimento é tanto que Ana Paula simplesmente esqueceu que, no próximo dia 7, completa dois anos à frente do Jornal da Globo. "É verdade!? Mas que feliz coincidência... Eu nem lembrava disso...", espanta-se, com uma gostosa gargalhada. P - Os presidenciáveis se mostraram muito reticentes, escorregadios, na rodada de entrevistas do "Jornal Nacional". Como pretende lidar com respostas evasivas? R - Já estou acostumada a entrevistar todo tipo de gente. Inclusive, gente escorregadia. Esse não é o problema. O maior cuidado que estou tendo é estudar os programas de governo de cada candidato, ler as entrevistas que eles já deram e assim por diante. Estou lendo com muito cuidado o que eles têm dito na imprensa e pretendo me deter nos temas mais contraditórios. Minha maior preocupação é esclarecer pontos que ainda não estão suficientemente claros para o eleitor. P - Você acredita que tais sabatinas ajudam o eleitor a se decidir sobre em quem ele vai votar? R - Acredito que sim. Quero mostrar aos eleitores o que as pessoas que estão concorrendo ao cargo mais importante do país pensam e que propostas de governo elas têm. Quero que seja um debate de idéias e não uma troca de acusações. Não quero grandes manchetes. Quero apenas esclarecer os telespectadores. Muitos programas de governo ainda não estão prontos, definidos. Tenho a obrigação de perguntar coisas que ainda não estão suficientemente claras para o eleitor. P - E você já tem candidato? R - A Ana Paula, como qualquer outro cidadão, tem lá suas preferências. Mas a Ana Paula Padrão, jornalista, não deve opinar sobre isso. Como sou uma formadora de opinião, não posso dizer para as pessoas o que acho disso ou daquilo. Jamais declararia meu voto. Meu papel de âncora de telejornal não permite isso... P - A rodada de entrevistas com os presidenciáveis coincide com o aniversário de dois anos no Jornal da Globo. Foi proposital? R - É verdade!? Você acabou de me lembrar disso... No dia 7, eu faço dois anos no Jornal da Globo. É uma feliz coincidência... Eu nem lembrava mais disso... P - Que avaliação você faz desses dois anos no Jornal da Globo? R - Esses dois anos foram extremamente produtivos. Num primeiro mo
Ana Paula Padrão assume que é viciada em trabalho
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Domingo, 04 de Agosto de 2002 às 14:03, por: CdB