As mortes de sete agentes de inteligência espanhóis e de dois diplomatas japoneses em emboscadas no Iraque provocaram no domingo um novo debate em países aliados dos Estados Unidos sobre os riscos de participarem de missões no Iraque.
O Exército dos EUA disse que dois soldados norte-americanos também foram mortos no sábado, quando guerrilheiros atacaram o comboio em que viajavam com armas leves e granadas lançadas por foguetes a oeste de Bagdá.
O ataque elevou para 187 o número de soldados dos EUA mortos no Iraque desde que Washington declarou o fim dos combates principais, no início de maio.
Na Espanha, onde a opinião pública foi contra a guerra, a morte de sete agentes no sul de Bagdá no sábado reviveu as dúvidas sobre a missão dos cerca de 1.300 soldados espanhóis que ajudam a controlar o centro e o sul do Iraque.
``A Espanha paga um preço alto'', disse em editorial o jornal de esquerda El Pais. O diário El Mundo descreveu o caso como ''mortes que requerem explicações e reflexão''.
Testemunhas disseram que uma multidão cercou os corpos dos espanhóis mortos, chutou os cadáveres e gritou frases de apoio ao ditador fugitivo Saddam Hussein.
Na manhã de domingo, jovens pulavam sobre os destroços e desmontavam um dos carros. ``Estamos felizes com o que aconteceu'', disse Abdul Qader, estudante de 20 anos. ``Não gostamos dos americanos nem dos espanhóis''.
O ministro da Defesa espanhol, Federico Trillo, disse que irá ao Iraque para resgatar os corpos dos agentes.
Socialistas da oposição deixaram de lado as objeções à guerra para manifestar pesar pelas mortes e apoiar os parentes.
``Minha posição sobre a guerra ao Iraque é conhecida, mas hoje é um dia de luto, é um dia de dor, é um dia de união e solidariedade com as famílias das vítimas'', disse a repórteres o líder socialista José Luis Rodriguez Zapatero.
Diplomatas Mortos
Em Tóquio, a ministra das Relações Exteriores do Japão confirmou que dois diplomatas foram mortos em uma emboscada no sábado quando viajavam para um seminário sobre a reconstrução do Iraque na cidade natal de Saddam, Tikrit.
As mortes certamente complicarão a decisão de Tóquio sobre a viabilidade de mandar tropas ao Iraque. Mas a ministra das Relações Exteriores, Yoriko Kawaguchi, disse que o Japão continua decidido.
``Este incidente é imperdoável'', disse.
O tenente-coronel William MacDonald, porta-voz da 4a Divisão de Infantaria em Tikrit, disse que os diplomatas japoneses foram atacados quando o motorista parou na estrada a caminho de Tikrit.
``Os três pararam para comprar comida e bebida quando os agressores dispararam armas de pequeno calibre contra eles'', disse a repórteres.
Analistas políticos disseram que o primeiro-ministro Junichiro Koizumi pode causar sérios danos à sua popularidade se enviar soldados ao Iraque e houver mortes, o que poderia prejudicar a campanha para as eleições à câmara alta do Parlamento, em julho.
O Japão aprovou uma lei especial para poder enviar tropas ao Iraque mas, de acordo com a constituição pacifista do país, os soldados só podem ser enviados para áreas fora de combate e participar apenas de trabalhos humanitários e de reconstrução.
Os planos do Japão de enviar tropas foram colocados em compasso de espera após o ataque suicida contra uma base italiana no sul do Iraque que matou 19 italianos e nove iraquianos.
Depois do ataque, o Japão enviou uma equipe de reconhecimento ao sul do Iraque, onde suas tropas ficarão. O ministro da Defesa japonês, Shigeru Ishiba, disse que, segundo a equipe, a região está relativamente estável.