Para Celso Amorim, ministro brasileiro das Relações Exteriores, alguns setores podem ter perdido com a interrupção das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Mas, segundo ele, as perdas que o país teria seriam maiores em caso de aceitar um acordo.
- Poderíamos ter ganhos talvez no setor têxtil, mas não poderíamos ter feito concessões em propriedade intelectual. O acordo era desequilibrado - resumiu, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, cujo tema central foi a política externa brasileira.
Amorim considera que as vantagens possíveis com a adoção da Alca eram menores que as concessões que teriam de ser feitas.
- Não poderíamos aceitar limitações à nossa capacidade de compras governamentais, limitações até na nossa política de serviços - justificou.
Segundo o ministro, o principal objetivo do Brasil neste momento é avançar nas negociações multilaterais, como da Organização Mundial de Comércio (OMC). Amorim acredita que não há espaço para discutir questões normativas e subsídios agrícolas regionalmente.
- Há vantagens nos acordos regionais, com certeza, mas não nestes aspectos fundamentais - enfatizou.
Questionado por empresários do Conselho se o Brasil não estaria perdendo mercado em função de acordos bilaterais ou regionais entre outros países, o chanceler afirmou que os países da América Central competem "relativamente pouco" com o Brasil.
O Brasil, segundo Amorim, tem interesse em um acordo bilateral com os Estados Unidos, mas no formato conhecido por "quatro mais um": Estados Unidos, de um lado, e, do outro, Mercosul (cujos membros são Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Esse acordo seria centrado no acesso a mercados.
- Pode incluir até serviços e investimentos. Essas mecânicas são complexas até do ponto de vista da legalidade perante a OMC, mas estou pronto a continuar a estudar e trabalhar neste sentido - acrescentou o ministro.