As Brigadas de Al-Aqsa, vinculadas ao movimento Al-Fatá, descartam um cessar-fogo com Israel até que este país liberte o presidente Yasser Arafat de seu confinamento em Ramalá e cumpra uma série de requisitos que conduzam à criação de um Estado na Cisjordânia, em Gaza e Jerusalém. - Nenhum acordo assinado por palestinos comprometerá a organização enquanto Israel seguir em sua escalada nos territórios e Arafat continue sitiado - diz um comunicado das Brigadas divulgado nesta sexta-feira. A nota, que segue a morte de dois milicianos palestinos em uma operação do Exército israelense na aldeia de A-Til, classifica a recente reunião de Aqaba como a "cúpula das boas intenções", mas lembra que enquanto o primeiro-ministro palestino, Abu Mazen, falava de cessar a Intifada armada, Israel prosseguia seus ataques contra os palestinos. - Não ficaremos de braços cruzados diante desta situação. Se a única coisa que Ariel Sharon entende é a linguagem da força nos encontrará na arena, e lutaremos até derrotá-lo - ressalta o comunicado. As Brigadas citam em seu comunicado uma longa lista de exigências que Abu Mazen deve conseguir de Israel antes que essa milícia se junte a um cessar-fogo ou "hudna" para começar a aplicar o Mapa de Caminho, o plano de paz do Quarteto de Madri para o Oriente Médio. A primeira delas se refere ao confinamento de Arafat desde dezembro de 2001. A Brigada pede um compromisso americano-israelense de que o líder da ANP não voltará a ser submetido a confinamento e que "não se limite sua atividade como comandante-em-chefe das forças palestinas e líder eleito dos palestinos". Arafat se encontra preso em Ramalá desde dezembro de 2001, quando Israel o declarou "irrelevante" para um processo negociador -por considerar que está dedicado a promover "ações terroristas"-, e embora este país tenha oferecido nos últimos meses a possibilidade de abandonar a região não lhe garante de modo algum que vá regressar. Entre as outras exigências das Brigadas de Al-Aqsa, se exige de Israel que cesse os "assassinatos seletivos" de dirigentes palestinos, as detenções de militantes e a perseguição de seus líderes políticos. O comunicado exige também "a libertação dos milhares de presos palestinos em prisões israelenses, a retirada israelense de toda a Cisjordânia e Jerusalém Oriental e o reconhecimento do direito de retorno para os mais de 3,7 milhões de refugiados dispersos pelo mundo, de acordo com as resoluções da ONU". Todas estas questões, assim como a do futuro status de Jerusalém, devem ser negociadas na terceira fase do Mapa de Caminho, o que de fato supõe que as Brigadas não aceitarão a "hudna" do primeiro-ministro Abu Mazen. O comunicado, que em grande parte reflete a divisão interna entre os seguidores de Arafat e os de seu primeiro-ministro, também classifica o responsável da segurança na ANP, o ministro Mohamed Dahlán, de "projeto israelense-americano", uma forma sutil de acusá-lo de colaboracionismo. Dahlán, que já em 1996 aplicou linha dura para frear os atentados suicidas dos grupos islâmicos contra Israel, "nos foi imposto por EUA, Israel e os países árabes que colaboram com eles". A nomeação de Dahlán como responsável da segurança foi um dos principais obstáculos na formação de Governo por Abu Mazen em março passado, já que Arafat se negava a aceitar o ministro do Interior como autoridade sobre os organismos de segurança.
Al Aqsa não dará trégua sem libertação de Arafat
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Sexta, 06 de Junho de 2003 às 06:29, por: CdB