Funcionários de ajuda que tentam chegar a áreas isoladas da Ásia atingidas pela tsunami enfrentam a devastação nesta quinta-feira, com cidades e aldeias destruídas, pessoas em busca de água e comida - algumas ficando mais irritadas ou doentes. Organizações de ajuda, que já se preparam para uma grande operação, disseram que precisam de mais assistência do que pensavam.
A operação já é um dos maiores exercícios humanitários na história e 60 países já prometeram mais de 220 milhões de dólares em dinheiro e centenas de milhares de dólares em suprimentos de emergência.
Centenas de toneladas de suprimentos médicos foram levados de avião para a região, mas as Nações Unidas admitem que somente uma fração da ajuda já chegou onde é necessária, nas áreas costeiras onde a onda gigante de domingo matou mais de 80.000 pessoas.
- Estamos fazendo muito pouco no momento - reconheceu o coordenador de ajuda de emergência da ONU, Jan Egeland, em Nova York. Equipes de ajuda chegaram a muitas áreas atingidas, mas ainda é pouco na região onde até 5 milhões de pessoas passam necessidades.
- Vai levar talvez entre 48 e 72 horas para podermos responder às dezenas de milhares de pessoas que gostariam de ter assistência hoje - ou melhor, ontem.Acho que a frustração vai crescer nos próximos dias e semanas - disse.
Algumas pessoas não comem desde domingo e enfrentam agora a luta contra infecções de doenças como elefantíase, cólera, febre tifóide, hepatite, bronquite, pneumonia, malária, meningite e febre hemorrágica.
Da Indonésia ao Sri Lanka a história é igual, com pessoas, muitas delas feridas e com fraturas e cortes, procurando por água e comida entre corpos e destroços nas ruas.Na província de Aceh, na Indonésia, duramente atingida, multidões gritaram "arroz, arroz" quando os primeiros caminhões de ajuda chegaram a Banda Aceh, capital local. Mas alguns ficaram nervosos por não terem consigo comida, que era muito pouca.
- Como pode ser? Acabou o arroz em tão pouco tempo? - disse Sidiq Yunus.
- Há cinco famílias vivendo na minha casa. Não comemos há três dias - reclamou.
Navios dos Estados Unidos, Japão e Austrália estão a caminho da área do desastre com hospitais e usinas de desalinização de água a bordo. Sete dos navios dos EUA podem produzir 342.000 litros de água limpa por dia e outro pode montar um hospital em cerca de uma semana quando chegar à Tailândia.
A Austrália disse que mandará três helicópteros para a Indonésia. A organização de caridade Oxfam disse que grupos de ajuda estão "se preparando para o desafio", mas pediu para a ONU liderar a luta.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, interrompeu férias para coordenar a operação de ajuda a partir de Nova York. A ONU fará um apelo por ajuda em 6 de janeiro. No Sri Lanka, médicos disseram que os sobreviventes estão ficando doentes.
- Eles precisam mais de remédios do que de comida e roupas agora, alguns estão com febre alta...se não tratarmos agora, muitos outros serão infectados qualquer que seja a doença que tenham - disse M. Rodrigo, secretário distrital de Trincomalee, na costa noroeste inundada pela Tsunami.
Malária e dengue são endêmicas no sudeste da Ásia e a água parada e poluída cria as condições ideais para mosquitos disseminarem as doenças.
A Cruz Vermelha disse que sua prioridade na província de Aceh, na Indonésia, é prevenir a disseminação de doenças provocadas pela água.
- Água para beber contaminada é a causa mais séria de morte e doenças depois de uma crise assim - disse Gerald Martone, diretor de programas de emergência das Sociedades Internacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
- Temos que reagir rapidamente - disse ainda.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que os sobreviventes também enfrentam contaminação química por causa da inundação de armazéns de fábricas, qu