O Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids) do Ministério da Saúde divulgou nota oficial, nesta terça-feira, assinada pelo diretor Alexandre Grangeiro repudiando a atitude do Vaticano que "mais uma vez, e sem nenhum respaldo científico", lançou dúvidas sobre a eficácia do preservativo como barreira à transmissão do HIV.
Segundo a nota, na mesma semana em que a Unaids - órgão da ONU para as políticas de controle da Aids no mundo - divulga dados alarmantes sobre o crescimento da epidemia entre os jovens, informando que a cada 14 segundos um adolescente contrai o HIV, "a Igreja presta um 'desserviço' ao mundo, afirmando que os poros do preservativo são maiores do que o vírus da Aids.
Essa argumentação da Igreja, em defesa da abstinência sexual como forma mais eficaz de se evitar a Aids, foi derrubada pela primeira vez em 1992, pelo National Institute of Health dos Estados Unidos, diz a nota. O instituto fez testes específicos para examinar a porosidade do látex usado para a fabricação do preservativo, que foi ampliado 2 mil vezes e observado com um microscópio eletrônico. Nenhum poro foi encontrado.
Outro estudo examinou as 40 marcas de preservativos comercializadas em todo o mundo, ampliando-as 30 mil vezes, mesma ampliação que possibilita a visão do HIV. E nenhum poro foi encontrado. Portanto, destaca a nota, o risco de o HIV passar por poros do preservativo é praticamente zero. Não existe barreira mais segura.
Estudo mais recente feito pela Universidade de Wiscosin (EUA) demonstra que o uso correto e sistemático do preservativo em todas as relações sexuais apresenta uma efetividade acima de 95% na prevenção à transmissão do vírus. O estudo concluiu que, mesmo usado de forma inconstante, o preservativo oferece 10 mil vezes mais proteção contra o virus da Aids do que o não uso do mesmo.
A nota lembra que o dado mais convincente sobre a efetividade do preservativo na prevenção da Aids foi feito pela cientista Isabelle de Vincenzi, do Centro de Estudos Europeu de Transmissão Heterossexual, em sete países europeus. O estudo foi realizado com 124 casais onde um dos parceiros estava infectado pelo HIV e o outro não. Em 15 mil relaçõe s sexuais, tanto vaginais quanto anais, não houve nenhum caso de transmissão do HIV do homem para a mulher.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o uso do preservativo como "a única prática efetiva na defesa contra a Aids sexualmente transmitida". Esse posicionamento foi ratificado em um documento oficial publicado na Internet em junho de 2000, onde a OMS reafirmou que o preservativo masculino é o único método que, comprovadamente, reduz o risco de todas as infecções sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV. As informações são da Agência Brasil.