Os prazos estão cada vez mais curtos, agora, para que o deputado José Dirceu (PT-SP) defenda o seu mandato e a sua liderança frente a significativa parcela do Campo Majoritário, tendência dominante no Diretório Nacional do PT. Na manhã desta terça-feira, o presidente em exercício da legenda, Tarso Genro, voltou a pressionar o ex-ministro chefe da Casa Civil para que se retire da chapa que concorre à Presidência do partido. Dirceu, que presidiu a Executiva Nacional petista até a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, recusa-se a uma retirada do cenário político nas duas frentes, seja no Congresso, seja do âmbito partidário.
Genro não se fez de rogado e, com todas as letras, defende uma união mais estável com a esquerda do partido, o que significaria enfraquecer a porção petista que apóia José Dirceu e os métodos utilizados pela administração passada, com José Genoino, Silvio Pereira e Delúbio Soares na cabeça do PT nacional. Tarso também prega uma política econômica menos rígida com os juros e mais adequada à distribuição de rendas no país.
- O Tarso e o Dirceu não podem mais conviver no Campo Majoritário, sob pena de o PT se esvaziar - afirmou na manhã desta terça-feira o deputado Chico Alencar, que prevê a retirada em bloco de cerca de 20 deputados federais caso parte do Centro Majoritário e da esquerda do partido resolvam se retirar da legenda, em protesto contra a permanência de José Dirceu.
O prazo para Dirceu se retirar da disputa ou se transformar no pivô de uma retirada em bloco de grande parte do efetivo parlamentar do PT encerra-se nesta quarta-feira, como garantiu o presidente em exercício Tarso Genro. Segundo o ex-ministro da Educação, a composição da chapa precisa seguir adiante e mostrar sua real intenção quanto aos rumos do partido.
- Vamos saber se é uma chapa de ruptura e renovação ou se é uma chapa de renovação com conservação. É uma opção política, de uma ruptura, com um novo núcleo dirigente; ou a conservação melhorada. Eu só trabalho com a primeira hipótese. Eu converso com o José Dirceu há quase 20 anos. Para mim, não tem problema nenhum. Só que nós já conversamos sobre o assunto, de uma maneira muito fraterna e muito séria. Então, para mim, não há nenhum problema em conversar. Só que os prazos estão se apertando e isso aí deve ficar resolvido até quarta-feira - disse Genro.
Dirceu não se pronunciou, ainda, quanto a permanecer na disputa ou se retirar, definitivamente, do processo eleitoral. A assessoria de imprensa do ex-ministro divulgou, na manhã desta terça, que Dirceu deverá divulgar sua decisão apenas na última hora. Ele estaria cuidando, ainda, de seus interesses na Câmara dos Deputados.
Na defesa apresentada ao Conselho de Ética da Câmara, em 20 páginas, ele pede o "imediato arquivamento" de seu processo. Sete páginas, segundo os advogados do ex-ministro, são dedicadas ao argumento de que as acusações do PTB dizem respeito às suas supostas ações enquanto ministro, ou seja, fora do exercício do mandato parlamentar e fora da jurisdição do Conselho de Ética.
O advogado José Luiz de Oliveira Lima conta que Dirceu está disposto a depor em qualquer fórum do Congresso Nacional. Mas não descarta a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a competência do Conselho de Ética para analisar os supostos crimes cometidos por ele na Casa Civil.
- O caso é de extrema complexidade. Mas vamos a todas as esferas para defender um julgamento justo - afirma um dos advogados seis advogados de Dirceu.
Na defesa apresentada ao Conselho de Ética, o deputado federal se contrapõe ao parecer dado pelo consultor legislativo da Câmara, José Theodoro Menck. Esse parecer afirma que Dirceu pode sofrer processo no Conselho assim como os ex-deputados Hildebrando Pascoal, Talvane Albuquerque e Feres Nader.
"Nos três casos referidos discutiu-se tão somente a possibilidade de o parlamentar responder, em