A República Centro-Africana informou nesta terça-feira que o ex-presidente do Haiti ,Jean-Bertrand Aristide, está livre para se deslocar e não é mantido como prisioneiro no país em que se exilou no começo da semana.
Aristide disse em entrevista à CNN que foi obrigado pelos Estados Unidos a fugir de Porto Príncipe no domingo, em meio a uma sangrenta rebelião. Ele teria sido colocado em um avião e levado para Bangui, a capital centro-africana. Washington nega que tenha obrigado Aristide a se exilar.
Aristide também disse a parlamentares e simpatizantes norte-americanos que está sendo mantido contra sua vontade no palácio presidencial de Bangui, de acordo com a imprensa dos EUA.
``Jean-Bertrand Aristide não é um prisioneiro. Ele está livre para se deslocar'', disse o ministro centro-africano das Comunicações, Parfait Mbaye, à Reuters.
``É lamentável que ele tenha feito essas declarações a respeito de países que na verdade o ajudaram a deixar o Haiti. Mas é preciso descontar a emoção, já que 48 horas atrás ele ainda era presidente.''
Aristide, outrora visto como um herói da democracia haitiana, estava cada vez mais isolado politicamente. Ele renunciou no domingo, após enfrentar 24 dias de rebelião, e foi levado ao amanhecer para o aeroporto de Porto Príncipe por guardas norte-americanos.
Mbaye disse que Aristide, que chegou a Bangui na manhã de segunda-feira com sua mulher e três assessores, está em uma suíte no Palácio do Renascimento, onde conta com televisão e telefone.
Testemunhas informaram que cerca de 30 guardas presidenciais armados e policiais foram deslocados nesta terça-feira para a entrada da ala do palácio onde ficam as suítes para visitantes. Jornalistas foram impedidos de se aproximar.
Não há sinal de presença militar francesa na área. A França, antiga potência colonial da República Centro-Africana, disse nestra terça-feira que estava ``protegendo'' Aristide em Bangui, mas insistiu que não controlava seus movimentos.
Mbaye, que recepcionou Aristide no aeroporto, disse que o ex-padre ainda não se encontrou com as principais autoridades centro-africanas, inclusive o presidente François Bozize, que assumiu o poder por meio de um golpe no ano passado. ``Depois de se encontrar com o presidente vamos saber se ele quer ficar aqui ou ir embora'', disse Mbaye.
Ele reiterou que o destino final de Aristide pode ser a África do Sul, que deu apoio a ele no passado e afirmou na segunda-feira que vai estudar um eventual pedido de asilo político.