A OAS e as empreiteiras Odebrecht e Queiroz Galvão formaram um consórcio, durante o governo de Aécio Neves, com a Odebrecht na liderança, comprometido a pagar 3% de propina
Por Redação - de Brasília e Curitiba
Ex-presidente da OAS, uma das maiores empreiteiras do país, o empresário Léo Pinheiro apresentará, nas próximas horas, uma série de documentos que comprovam o suposto pagamento de propina ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Pinheiro estaria de posse das provas de que irrigou um esquema de propina e subornos a intermediários do então governador de Minas Gerais, pela a construção da Cidade Administrativa, a mais dispendiosa obra realizada ao longo dos dois mandatos do tucano, entre 2003 e 2010.
Segundo Pinheiro, a construção do centro administrativo, inaugurado em 2010, com capacidade para 20 mil funcionários públicos, fez parte do acordo de delação premiada negociado com procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba e Brasília. A denúncia agrava o quadro de dificuldades do senador mineiro junto à Justiça, uma vez que se transforma em novo processo contra o tucano, que passa a correr o risco de perder o mandato, no Senado.
Pinheiro disse, em depoimento aos investigadores, que pagou 3% sobre o valor da obra a um dos prepostos do governador Oswaldo Borges da Costa Filho, vulgo Oswaldinho. O suspeito foi reconhecido, tanto por depoentes do PSDB e integrantes da oposição, na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, como arrecadador de recursos ilícitos nas campanhas de Aécio Neves, ao longo da última década.
Aécio nega
O senador negou ter recebido dinheiro não contabilizado e qualquer irregularidades na obra. Aécio, porém, preferiu não comentar a denúncia de que Oswaldo tenha arrecadado recursos para suas campanhas. As obras da Cidade Administrativa foram orçadas em cerca de R$ 500 milhões, mas custou ao final R$ 1,26 bilhão, segundo as instâncias de controle.
Além da OAS, as empreiteiras Odebrecht e Queiroz Galvão formaram um consórcio, com a Odebrecht na liderança e o faturamento de 60% do valor do contrato. A OAS respondia por 25,71% e a Queiroz Galvão, por 14,25%. Como a OAS recebeu R$ 102,1 milhões, os 3% originários do suposto esquema de corrução equivaleriam a cerca de R$ 3 milhões.
Em nota, divulgada neste domingo, o senador Aécio Neves disse que não conhece, ainda, os relatos feitos pelo empresário Léo Pinheiro sobre suposta propina em sua administração e que considera as declarações "falsas e absurdas".
Na nota, o senador mineiro afirma que as acusações precisam ser provadas, "sob o risco de servirem apenas a interesses outros que não os da verdade”, conclui.
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