O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) criticou a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Salvador para o lançamento do Programa Farmácia Popular. Segundo ele, este não é o momento para se prestigiar o ministro da Saúde, Humberto Costa, cuja pasta vem sendo investigada pela Operação Vampiro, da Polícia Federal.
"Não era hora dele (Lula) querer prestigiar o ministro da Saúde. A Operação Vampiro ainda não foi apurada", disparou. Em discurso no plenário do Senado, ACM destacou ainda que a Organização Não Governamental (ONG) Ágora é quem irá "orientar" essas farmácias. A ONG também está sendo investigada por desvio de recursos púbicos. ACM acusou Lula de ter viajado "numa comitiva que não tem pudor".
O senador levantou dúvidas quanto à idoneidade do ministro da Saúde, lembrando que ele teve dois auxiliares de confiança envolvidos no escândalo nas licitações de hemoderivados. "Estes amigos do ministro, que trabalharam intensamente com ele antes, eram rapazes pobres e agora andam ricos em Pernambuco. Será possível que esses homens ficaram desonestos agora?", questionou.
Irritado com o que considerou uma viagem política do presidente da República, Lula chegou a Salvador acompanhado do deputado Nelson Pellegrino, candidato do PT à prefeitura nas eleições de outubro, ACM desdenhou do programa Farmácia Popular. "Se fosse uma rodovia, o dinheiro do metrô, que nunca sai, seria ótimo, mas Lula não foi fazer nada de importante", disparou.
Conforme o pefelista, o Hospital Irmã Dulce, que abrigará o programa, já oferece remédios gratuitamente, o que torna uma incoerência o Governo lançar um programa no local para vender remédio mais barato. "Gente pobre precisa é de remédio de graça", disse.
O senador disse ter considerado uma "falta de educação política" do Governo não ter convidado nenhum dos adversários para o evento, numa demonstração de que a viagem tem caráter eleitoreiro. ACM relatou que foi avisado da viagem de Lula a Salvador na sexta-feira, por um "subordinado do cerimonial do Palácio do Planalto". Segundo ele, "nem o governador" Paulo Souto (PFL), "foi comunicado com antecedência".
ACM encerrou o discurso avisando que irá votar a favor de um salário mínimo de R$ 275, proposta que contraria a do Governo, que eleva o valor para $ 260. "Vamos mostrar nosso caráter na votação do salário mínimo", disse.