Abbas ameça Haniyeh de buscar soldado seqüestrado em Gaza

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, ameaçou, nesta segunda-feira, o primeiro-ministro, Ismail Haniyeh, do Hamas, de ordenar uma busca "casa por casa" em Gaza caso os milicianos não libertem o soldado seqüestrado no domingo em sua base em Israel.

A força de segurança da Autoridade Nacional Palestina (ANP), leal ao presidente Abbas, se preparava na manhã desta segunda para essa missão, disseram fontes desse organismo policial.

A busca, caso o soldado Gilad Shalit não seja libertado será feita nas cidades de Rafah e Khan Yunes, no sul de Gaza, indicaram as mesmas fontes.

Os comandos palestinos que seqüestraram Shalit chegaram à base israelense de Telem, vizinha à Faixa de Gaza, através de um túnel de cerca de um quilômetro de comprimento e nove metros de profundidade.

Oito comandos do Hamas, dos Comitês Populares da Resistência e do "Exército Islâmico", organização recém-criada e até então desconhecida, capturaram o soldado, mataram outros dois efetivos israelenses e feriram outros seis antes de retornar ao território autônomo. Na operação, também perderam a vida dois dos combatentes palestinos.

O presidente Abbas exige a libertação do soldado, pois, caso isso não ocorra, o Exército israelense, segundo alertou ao primeiro-ministro Haniyeh, lançará uma campanha militar de grande escala em Gaza para resgatá-lo.

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, responsabilizou ontem Abbas e Haniyeh pelo ataque palestino e pelo seqüestro de Shalit.

O presidente palestino, por sua vez, acusou Haniyeh e o braço armado do Hamas, as Brigadas de Izz al-Din al-Qassam, pelos incidentes.

Por enquanto, segundo fontes militares e políticas em Israel, o Governo de Olmert procura encontrar uma saída diplomática, e sua ministra de Assuntos Exteriores, Tzipi Livni, entrou em contato com seus colegas da União Européia (UE) e com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.

Olmert se nega negociar com os seqüestradores para trocar Shalit por prisioneiros palestinos reclusos em Israel, embora também não tenha havido até o momento propostas nesse sentido feitas pelos seqüestradores.

No passado, Israel trocou centenas de prisioneiros por soldados ou civis seqüestrados, e também por corpos de soldados mortos em ação no Líbano.

Em 1994, milicianos palestinos seqüestraram pela primeira vez um soldado, Najshon Waxman, que foi mantido cativo em uma aldeia do norte de Jerusalém.

O caso teve como desfecho a morte do soldado, de três de seus seqüestradores e de um efetivo israelense quando comandos do Estado judeu invadiram a casa que servia de cativeiro para Waxman.