Quarta, 01 de Fevereiro de 2023 às 16:22, por: CdB
A dança das cadeiras, no Senado, atinge apenas um terço da Casa – 27 dos 81 senadores e, juntos, Câmara e Senado formam mais um ciclo legislativo com um parlamento conservador, com bancada empresarial cinco vezes maior do que a trabalhista, predominantemente branco e masculino.
Por Redação - de Brasília
Com a vitória de Arthur Lira garantida na Câmara dos Deputados, por larga margem, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva despejou todo o seu prestígio na condução do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à Presidência da Casa. A missão foi cumprida por 49 votos contra 32 destinados ao senador bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN).
A dança das cadeiras, no Senado, atinge apenas um terço da Casa – 27 dos 81 senadores e, juntos, Câmara e Senado formam mais um ciclo legislativo com um parlamento conservador, com bancada empresarial cinco vezes maior do que a trabalhista, predominantemente branco e masculino. Mas em um ambiente político a princípio mais favorável ao diálogo, depois do conflito que marcou o governo anterior. O que não significa “vida fácil” para o governo com o “novo” Congresso.
Na Câmara, a maior bancada eleita foi do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro: 99 deputados. Em seguida, vem a federação PT-PCdoB-PV, com 81. Depois, União (59), PP (47), MDB e PSD (42 cada) e Republicanos (40).
Apenas 5% se declaram pretos e outros 21%, pardos. Os de origem indígena não chegam a 1%. E os brancos representam 72% da Câmara. Os homens são 82% do total. Há aproximadamente 250 com patrimônio superior a R$ 1 milhão – sendo 26 com R$ 10 milhões a R$ 100 milhões.
Orçamento
Para o analista Marcos Verlaine, por exemplo, a mudança de governo permite imaginar algo mais próximo da institucionalidade.
— Vai ter as dificuldades naturais do processo político — observa.
Verlaine acredita que o fim do orçamento secreto favorece o presidente da República.
— A agenda vai ser do Lula, não do Lira ou do Pacheco — avalia.
O analista refere-se aos atuais presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Durante todo o processo de disputa pela liderança do Congresso, pesou a habilidade política de Lula na relação com o parlamento.
Bancada
O analista do Diap lembra que o petista ainda não tinha tomado posse e mesmo assim conseguiu formar maioria nas duas Casas para aprovar, com mudanças, a chamada PEC de Transição, agora a Emenda Constitucional (EC) 26.
— Os governadores vão ter um certo controle de bancada. E toda a institucionalidade do Congresso passa pelos líderes — acrescenta Verlaine.
Tudo passa, também, pela ponderação.
— A base do governo não vai entrar com os dois pés nessa questão do ‘revogaço’ (de medidas firmadas nos governos Bolsonaro e Temer) — afirma ainda Verlaine. Assim, não haverá mudanças abruptas em temas como a “reforma” trabalhista e da Previdência.
Isolado
No Senado, onde houve um arremedo de levante bolsonarista, Verlaine avalia a derrota do candidato Marinho.
— O quadro do bolsonarismo hoje é de isolamento. O 8 de janeiro foi um tiro no pé. A agenda agora é outra, e o Senado não quer ser marcado pelo confronto. Quem tem o poder da caneta é o Lula — concluiu.