Vieira frisou que as economias emergentes, como as dos países do BRICS, são os “vetores dinâmicos do crescimento econômico” do século XXI e que, mais do que isso, o Sul Global é uma peça central nos esforços pela paz.
Por Redação, com ABr – de Kazan, Rússia
Na reunião ampliada da Cúpula do BRICS, ocorrida nesta quinta-feira, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, proferiu um discurso em que destaca o papel do Sul Global como força motriz para a paz no mundo, após criticar a atuação do Ocidente na crise palestina. Vieira exaltou a trajetória do BRICS como muito mais do que uma simples sigla, afirmando que o grupo representa “uma realidade palpável construída ao longo de décadas de esforço por um mundo mais equânime”.
Vieira frisou que as economias emergentes, como as dos países do BRICS, são os “vetores dinâmicos do crescimento econômico” do século XXI e que, mais do que isso, o Sul Global é uma peça central nos esforços pela paz. Ele lembrou iniciativas passadas e atuais de países árabes e africanos para tentar pôr fim ao conflito entre Israel e Palestina, mencionando o Egito e o Catar como mediadores cruciais, na atualidade.
Único veto
No centro de seu discurso, Mauro Vieira destacou o papel de países do Sul Global em frear o que chamou de “genocídio” contra o povo palestino. O chanceler lembrou que foi o Brasil, na presidência do Conselho de Segurança da ONU, que propôs uma resolução sobre a situação atual, rejeitada por um único veto, o dos EUA.
Vieira mencionou também a atuação corajosa da África do Sul ao recorrer à Corte Internacional de Justiça para tentar barrar as atrocidades em Gaza, e destacou que os países do Sul Global votaram a favor de uma resolução da Assembleia Geral da ONU pedindo a cessação imediata das hostilidades.
— Os que se arrogam defensores dos Direitos Humanos fecham os olhos diante da maior atrocidade da história recente — criticou Vieira, referindo-se à posição de países ocidentais, que, segundo ele, têm sido “no mínimo, coniventes” com as ações de Israel.
Punição
Vieira destacou ainda que, embora não haja justificativa para os “atos terroristas” do Hamas, a resposta israelense tem sido uma “punição coletiva” ao povo palestino, com bombardeios em Gaza que, conforme observou, já superam a intensidade dos ataques às cidades europeias durante a Segunda Guerra Mundial.
Vieira também expressou preocupação com a escalada da violência para o Líbano e ressaltou a necessidade de máxima cautela para que o conflito não se transforme em uma guerra de maiores proporções. Ele mencionou ainda a importância do diálogo para evitar que o conflito entre Rússia e Ucrânia também não avance, reafirmando o compromisso do Brasil com a busca por soluções pacíficas e o respeito ao Direito Internacional.
Em outro ponto do discurso, o chanceler brasileiro criticou as sanções unilaterais contra Cuba, classificando-as como “irracionais” e renovou o apelo para que essas medidas sejam flexibilizadas, destacando o impacto devastador na economia e no bem-estar da população cubana.