O chefe da polícia de Londres disse que os agentes assumiram um "risco incrível" ao usar uma pistola elétrica, que deixa a vítima atordoada, para prender um suposto homem-bomba procurado por envolvimento em um ataque ao transporte público da cidade.
A polícia ainda busca três dos quatro autores das frustradas explosões de 21 de julho, ocorridas exatamente duas semanas depois de um ataque semelhante ter matado quatro militantes suicidas e 52 outras pessoas no metrô e em um ônibus de Londres.
O comissário metropolitano Ian Blair criticou o uso da pistola elétrica para deter um dos principais suspeitos, Yasin Hassan Omar, cuja residência, em Birmingham, foi invadida na madrugada desta quarta-feira.
- Foi um risco incrível usar um Taser (arma de choque) contra um homem-bomba suicida, porque o próprio Taser poderia detonar (a bomba), e a política não é essa.Não consigo imaginar como ela foi usada. Usamos Tasers em Londres regularmente, mas um Taser envia correntes elétricas para o corpo de alguém. Se houver uma bomba naquele corpo, a bomba pode explodir - disse ele à TV BBC no final da noite desta quinta-feira.
A polícia de Londres está sendo pressionada a agir com mais cautela depois de ter matado o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes dentro do metrô, há uma semana, depois de confundi-lo com um homem-bomba.
Blair se disse devastado pela família de Menezes, que vive em Gonzaga (MG), mas defendeu a política de "atirar para matar" em supostos homens-bomba.
- Apesar de tudo o que foi dito, só há uma forma de conter um homem-bomba, que é matar a pessoa. Qualquer outra coisa que acontecer - a não ser que o convençamos a se despir em um espaço aberto - permite que o tiro acerte, mas que a bomba seja detonada- disse .
Na maior caçada humana já realizada pela polícia britânica, Blair disse estar confiante na captura dos três suspeitos principais ainda foragidos.
- Quão rápido isso será, não sei. Mas tenho certeza de que a rede está se fechando - afirmou.
A polícia está analisando 15 mil fitas de circuito fechado de TV, ouviu 1.800 depoimentos e recebeu 5.000 ligações na sua linha direta contra terrorismo.
O barulho das sirenes se tornou uma trilha sonora familiar na rotina de Londres, pois a polícia precisa verificar centenas de chamados sobre pacotes abandonados ou pessoas agindo suspeitamente nos transportes públicos.
Uma das estações de metrô onde ocorreram os atentados de 7 de julho reabriu na sexta-feira. Sete pessoas haviam sido mortas na explosão dentro do trem que passava pela estação Edgawre Road naquela manhã.