De acordo com professor Pedro Bocayuva é importante levar o debate para o meio acadêmico enquanto o presidente incentiva a comemoração no setor militar.
Por Redação, com RBA - do Rio de Janeiro
Em memória das vítimas da ditadura civil-militar de 1964, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou um ato, nesta segunda-feira. De acordo com Pedro Cunca Bocayuva, professor da UFRJ, é importante levar o debate para o meio acadêmico enquanto o presidente Jair Bolsonaro incentiva a comemoração no setor militar. – A universidade tem que aproveitar esses atos para um momento de reflexão da realidade, estimulados pelo próprio presidente que trouxe a discussão para os quartéis, então faremos na universidade, mantendo os valores da liberdade – afirmou à Rádio Brasil Atual. O ato é convocado pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida (Nepp-DH). A atividade contará com a presença de professores, servidores técnico-administrativos, estudantes e representantes de entidades entidades estudantis e de direitos humanos. A manifestação será feita em frente ao prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFRJ. O professor lamenta que o debate sobre as ilegalidades ocorridas durante a ditadura não alcançam a sociedade brasileira num todo. "As forças que controlam os sistemas de comunicação e de educação barraram. Assim como todo o período de redemocratização, os quartéis ficaram prisioneiros de uma doutrinação, a ponto do atual presidente ser paraninfo de turmas militares, o que é grotesco e desonra a história", critica. Para Bocayuva, a realização do ato no Rio de Janeiro é ainda mais simbólico, dentro do contexto do assassinato de Marielle Franco e as chacinas feitas nas periferias. "Nós chegamos a isso por causa de três movimentos: o medo da classe média, um processo de contínuo de ataque às populações periféricas e as denúncias de corrupção. É um cenário que se constrói nesse contexto. No Rio, as eleições foram feitas sob intervenção militar."