O comerciante paulista Wagner da Silva, 25 anos, atacado por um tubarão no último sábado, em Boa Viagem, perdeu o dedo médio da mão esquerda, ao passar por uma cirurgia reparadora, no Hospital da Restauração (HR), onde foi levado logo após a investida.
A operação foi nas duas mãos e na perna direita, por causa das fraturas ósseas e da perda de tecido muscular. No início da tarde de ontem, Wagner foi transferido para o Hospital São Marcos, na Ilha do Retiro. Segundo a médica Tatiana Caloi, o quadro de saúde é estável.
De acordo com a tia da vítima, Maria Leônia Veras, 49, a direção do HR não comunicou aos familiares que o dedo seria amputado. Wagner também achou a atitude imprudente. "Eles não me deram explicação nenhuma. Queria saber se não tinha outra saída", afirma Wagner. Segundo o responsável pela emergência do HR, Alexandre Guedes, o rapaz corre o risco de perder parte dos movimentos das mãos.
Agora, a preocupação da equipe médica do São Marcos é evitar infecções e preservar a função motora dos membros. A vítima está recebendo fortes doses de medicamentos para evitar a dor. Wagner sabia dos incidentes com tubarões no litoral de Pernambuco, mas achava que todas as áreas perigosas estavam identificadas por placas.
"Fomos de Piedade para Boa Viagem justamente por que achamos que era mais seguro. Onde tomei banho não tinha nenhuma placa de alerta", enfatiza a vítima. O coronel do Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros, Neyff Souza, informa que 53 placas estão fixadas de Candeias até Piedade. O espaço entre elas, segundo Neyff, é de mais ou menos 200 metros.
Wagner entrou no mar com os dois tios, Volnei de Veras e Demócrito Veras da Silva, próximo ao Edifício Portugal, e ultrapassaram a barreira natural de corais. De acordo com a vítima, um salva-vidas estava perto do local, mas não fez nenhum sinal de alerta. No momento do ataque, os três estavam com a água na cintura, a uma profundidade de cerca de um metro. "Depois de uns dez minutos na água, senti uma pancada forte por trás e logo percebi que era um tubarão", relata Wagner.
Para o coordenador do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), Fábio Hazin, o animal era provavelmente da espécie Tigre, de aproximadamente 1,5 metro. Hazin explica que as marcas das mordidas são triangulares, iguais às do Tigre. As expedições de captura e pesquisa do barco Sinuelo capturaram, nos últimos dois meses, oito exemplares no mesmo local do ataque. "Os animais capturados tinham o mesmo tamanho do que atacou Wagner, o que reforça a idéia de ter sido um Tigre", diz Hazin.
Wagner, natural de Santo André, cidade da Grande São Paulo, é a sexta pessoa atacada este ano, e o 45º caso contabilizado desde 1992. Este é o primeiro registro de investida a turista. Nesses 12 anos, ocorreram seis mortes por ataque de tubarão - duas este ano.