Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Tucanos se dividem entre Doria e Jereissati, após escândalos

Arquivado em:
Sexta, 24 de Julho de 2020 às 15:42, por: CdB

A iniciativa conta com apoio à esquerda, com a iniciativa do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), de formar uma aliança com o PSB e, adiante, atrair a centro-direita, liderada por Ciro Gomes (PDT).

Por Redação - de Brasília e São Paulo
Esfacelado após o cerco da Polícia Federal (PF) aos seus principais líderes, o PSDB busca entre seus filiados um nome para conduzir a legenda. Segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, nesta sexta-feira, o senador Tasso Jereissati (CE) tem sido consultado, ao longo dos últimos dias — desde o indiciamento do ex-governador Geraldo Alckmin, no início da semana, por corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros crimes — sobre a possibilidade de a legenda integrar uma frente contra o fascismo.
aecio-1.jpg
Operação da PF cumpre mandados em endereços ligados a Aécio Neves
A iniciativa conta com apoio à esquerda, com a iniciativa do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), de formar uma aliança com o PSB e, adiante, atrair a centro-direita, liderada por Ciro Gomes (PDT), fraternal aliado de Jereissati no Estado que ambos governaram, ao longo das últimas décadas. Os maiores empecilhos para a organização de uma aliança nesse nível foram removidos, nos últimos dias, por ações específicas da PF, ao cumprir os mandados de busca e apreensão em endereços do senador José Serra (PSDB-SP) e neutralizar o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), envolvido em outra série de processos, na Justiça. Na mesma trilha de Geraldo Alckmin e José Serra, a Operação Lava-Jato Eleitoral conduzida pela PF e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) detectou, ao longo das investigações, indícios do repasse de cerca de R$ 1 milhão em dinheiro ilícito à campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB-MG), em 2014. O empresário Mino Mattos Mazzamati, preso temporariamente na Operação Paralelo 23, admitiu em depoimento à PF, nesta sexta-feira, que recebeu pagamentos via caixa dois pela prestação de serviços à campanha presidencial do tucano.

Campanha

Os pagamentos, segundo relatório vazado à mídia conservadora, saíram do ex-diretor de uma empresa do grupo Qualicorp, Elon Gomes de Almeida, delator do caso. Elon teria abastecido o caixa dois da campanha de Aécio com ao menos R$ 1 milhão, suspeitam os investigadores do caso. As denúncias de repasses do caixa dois da Qualicorp para Aécio Neves constam da investigação que apura o financiamento ilegal da campanha do tucano José Serra ao Senado, no mesmo ano. As provas obtidas incluem transações financeiras e depoimentos que indicam repasses ilícitos também para a campanha tucana. Mazzamati entrou na mira dos investigadores porque teve transações financeiras com uma empresa ligada a Elon Gomes de Almeida. À PF, Mazzamati confessou ter prestado serviço de marketing digital na campanha presidencial do tucano mineiro e recebeu o valor oficial de R$ 1,4 milhão. Ainda segundo o empresário, houve pagamento de mais R$ 1 milhão via caixa dois, por meio de um repasse operacionalizado por Elon. A PF confirmou, à mídia, que a empresa de Mazzamati recebeu uma transferência de R$ 1 milhão da Gape Administradora e Corretora de Seguros, ligada a Elon. Revoada "Recebeu pelos serviços prestados a remuneração total de R$ 1.472.798,00, conforme cópias de notas fiscais que apresenta nesta oportunidade; que além desses valores recebeu também a quantia de R$ 1.000.000,00 que foi depositada na conta da sua empresa OV3G Empresa de Participações em Negócios Ltda., no dia 08/09/2014, conforme extrato bancário que apresenta nesta oportunidade; que esta última quantia foi paga por empresa indicada pela campanha na pessoa de Urquiza, tesoureiro da campanha de Aécio Neves", consigna o depoimento prestado na terça-feira, dia em que foi deflagrada da Operação Paralelo 23. "Os valores recebidos dessa maneira não constam como tendo sido recebidos pelos serviços prestados na campanha (de Aécio)”, acrescentou Mazzamati, em juízo. ‘Muro’ Quem tem acompanhado tudo a uma certa distância, porém, é o governador paulista, João Doria. Seus aliados tem dito a ele que deveria avaliar uma mudança profunda na imagem do PSDB, para não entregá-lo ao senador cearense. Caso não consiga se estabelecer como líder nacional, no ninho tucano, sua melhor chance seria iniciar uma revoada com destino ao PSD, de Gilberto Kassab. O novo partido seria capaz, na avaliação de interlocutores do governador, de fornecer a estrutura necessária a se manter como opção viável, no principal colégio eleitoral e o segundo maior orçamento do país, atrás apenas do governo federal. Por enquanto, Doria tem evitado até tocar no assunto, para que não seja forçado a tomar uma decisão prematura, mas avalia com o seu grupo uma possível fusão do PSDB ao PSD. No ano passado, o partido encomendou uma série de pesquisas quantitativas e qualitativas e o resultado não foi positivo para a troca de nome ou a fusão com outra legenda. Ainda segundo a pesquisa, no entanto, o tucano deverá desaparecer no horizonte, sob o argumento que representa a marca da indecisão ou do “muro”. A ave não está mais presente no diretório estadual do PSDB, que estampa em letras garrafais “Novo PSDB” na sala de reuniões.
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo