John Feeley atuou como embaixador dos EUA no Panamá e hoje atua como diretor executivo do Centro para a Integridade da Mídia das Américas (CMIA), um organismo da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Por Redação, com BBC – de Washington
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump simplesmente “descartou” o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) por considerá-lo um ‘looser’ (perdedor, no sentido pejorativo). A avaliação é do ex-embaixador norte-americano John Feeley, em uma entrevista exclusiva nesta segunda-feira ao portal britânico de notícias BBC News Brasil. Para Feeley, após Bolsonaro ser condenado e preso, Trump deixou de se importar com a situação do radical de ultradireita.

John Feeley atuou como embaixador dos EUA no Panamá e hoje atua como diretor executivo do Centro para a Integridade da Mídia das Américas (CMIA), um organismo da Organização dos Estados Americanos (OEA). O diplomata deixou o governo norte-americano em 2018, durante o primeiro mandato de Trump. Para ele, o magnata não conhece muito sobre a situação política brasileira e sobre o ex-presidente.
— Posso quase garantir que ele não acorda todos os dias pensando no Brasil. E assim que Bolsonaro deixou de ser uma referência na política brasileira e o Estado de Direito e a Justiça democrática prevaleceram no Brasil, Donald Trump simplesmente o descartou — disse ele à BBC.
Condenado
Na avaliação do ex-embaixador, a situação jurídica de Bolsonaro o coloca como um “perdedor” para Trump.
— Se há algo que Donald Trump não tolera são perdedores — afirmou.
O diplomata também acredita que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, não desempenhou um papel importante em influenciar as ações de Trump a favor de Bolsonaro. Para o ex-embaixador, Rubio não “se importa” com o Brasil. O diretor do CMIA avaliou que o que convenceu Trump foi o lobby feito pelo ex-deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
Sanções
Depois que Bolsonaro foi condenado e Trump voltou atrás na imposição de tarifas ao Brasil, o presidente norte-americano não admitiu o erro – segundo Feeley, uma atitude que ele tomou durante toda a vida.
A suspensão das tarifas, segundo Feeley, não foi resultado das negociações brasileiras, e sim um reflexo do comportamento errático de Trump. O ex-embaixador opinou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve “sorte” por Trump ter desistido das sanções ao Brasil.
— Eu encorajaria tanto Lula quanto praticamente qualquer líder a se manter fora da órbita de Trump, na medida do possível, e a deixarem o sistema límbico de nossos laços econômicos, culturais e sociais continuar funcionando até que os Estados Unidos retornem a um nível mais normal de comportamento internacional aceitável — resumiu Feeley.