Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Transparência Internacional é citada por Dallagnol, em áudio gravado

Arquivado em:
Quarta, 07 de Fevereiro de 2024 às 19:10, por: CdB

O diálogo reproduzido foi registrado em 8 de outubro de 2015 e tornado público na ‘Operação Spoofing’, da Polícia Federal (PF) O texto está nos processos que envolvem a ação, como a investigação que apura as relações suspeitas da ONG com sede em Berlim com membros do Ministério Público Federal (MPF).


Por Redação, com GGN - de Brasília

Ex-procurador federal que liderou a ‘Operação Lava Jato’, o deputado cassado Deltan Dallagnol (sem partido) já tramava, em 2015, repasses bilionários à ONG Transparência Internacional (TI) de valores obtidos nos acordos firmados com os procuradores, no âmbito de uma ação que envolvia a Petrobras. Deltan citou um assets sharing (repasse de ativos, em tradução do inglês) quando falou da multa que seria desdobramento do processo contra a estatal petroleira. Os dados foram obtidos pelo site de notícias Jornal GGN.

dallagnol-lava-jato.jpg
Dallagnol negociava com autoridades norte-americanas sobre distribuição do dinheiroi de multas à Petrobras


O diálogo reproduzido foi registrado em 8 de outubro de 2015 e tornado público na ‘Operação Spoofing’, da Polícia Federal (PF) O texto está nos processos que envolvem a ação, como a investigação que apura as relações suspeitas da ONG com sede em Berlim com membros do Ministério Público Federal (MPF).

 

Diálogo


Disse Deltan em um grupo com outros procuradores (os diálogos foram mantidos em sua originalidade):

08:36:16 Deltan Caros hoje tem reunião com americanos 9.30 sobre empresas estrangeiras, inclusive Petrobras

08:41:40 Ontem falamos com eles sobre assets sharing da multa e perdimento associados associados à ação deles contra à Petro, e em parte desses valores há alguma perspectiva positiva. Contudo precisamos de alguém que se disponha a se disponha a estudar e bolar um destino desses valores que agradaria a todos, como um fundo, entidades contra a corrupção, o sistema de saúde público, fundo de direitos difusos, fundo penitenciário, órgãos públicos que combatem corrupção e transparência internacional Brasil ou contas abertas etc.

Minha sugestão é propor uma composição de 5 destinos diferentes, porque o valor é muito alto e dará maleabilidade. Se não gostarem de dado destino, basta recompor a divisão. Quem se propõe a estudar possíveis destinos? Isso terá de ser num segundo momento, se for o caso, levado a outras instâncias, mas e importante termos boas propostas e com uma justificativa de 5 linhas para cada. É algo bavanisso, uma experiência única de possível assets sharing.

 

Leniência


Posteriormente, Dallagnol e outros procuradores propuseram a criação de uma fundação para gerir esse dinheiro, que tem relação com o acordo firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ). Essa fundação não se confunde com outra do mesmo tipo que também foi gestada por procuradores, mas do Distrito Federal, no âmbito do acordo de leniência da J&F. O denominador comum entre os dois casos é a Transparência Internacional.

Nessa situação à qual Deltan se refere, a ‘Lava Jato’ firmou acordo com o DOJ para pagamento de mais de R$ 2,5 bilhões em multas. O “fundo” reservaria metade para si (um fundo patrimonal privado para gerir a fundação dos procuradores) e outra metade seria reservada para pagar indenizações a acionistas que ajuizaram ações contra a Petrobras até outubro de 2017.

À época do acordo, a petroleira se dispôs a depositar o valor bilionário em uma conta vinculada à 13ª Vara Federal de Curitiba, seção responsável pela ‘Lava jato’. O acordo foi homologado pela juíza federal Gabriela Hardt, atualmente afastada do caso.

A iniciativa recebeu o repúdio de setores do Judiciário e a própria ‘Lava jato’ voltou atrás e suspendeu o plano inicial. Posteriormente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou de forma contrária à constituição do fundo, e o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu os efeitos do acordo firmado entre procuradores e os norte-americanos. Desde junho do ano passado, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) investiga o caso.

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo