Na abertura da sessão do Conselho de Ética, na manhã desta quarta-feira, o relator do processo de cassação contra o deputado Roberto Brant (PFL-MG), Nelson Trad (PMDB-MS), denunciou que vários integrantes do Conselho foram pressionados a votar contra a cassação do parlamentar pefelista. Trad relatou uma conversa telefônica que teve com o deputado Pedro Canedo (GO), um dos representantes do PP no Conselho, no qual o parlamentar lhe disse, quase chorando, que estava sofrendo pressão forte da direção do partido para não votar pela cassação de Brant ou para não ir à sessão desta quarta-feira.
Trad também afirmou que a Câmara "não pode tolerar mais esse tipo de pressão", pouco antes de pedir que sessão fosse suspensa. O deputado Benedito de Lira (PP-AL), que também integra o Conselho, concordou que a sessão fosse suspensa e lamentou o episódio. No entanto, ele nega ter sofrido algum tipo de pressão.
- Eu não recebi este tipo de formulações, mas considero grave e apóio a suspensão da sessão - afirmou Benedito de Lira.
A pressão política sobre os parlamentares do Conselho de Ética se repete. Semana passada foi a vez do deputado Pedro Canedo, relator do processo contra o deputado Professor Luizinho (PT-SP), acusar a manobra. Embora seu voto fosse pela absolvição do deputado petista, na última hora alterou radicalmente o parecer. A direção do PP estaria pressionando os parlamentares do partido a votarem contra a cassação de Brant numa tentativa de conseguir os votos do PFL nas votações dos relatórios contra quatro deputados do PP que respondem a processo no Conselho. O PFL compareceu em peso à sessão do Conselho.