Segundo a Al Jazeera, as forças israelenses estão disparando contra ambulâncias que tentam chegar aos feridos, enquanto os ataques aéreos israelenses atingem áreas residenciais apinhadas, no interior do campo de refugiados.
Por Redação, com RTP – de Rafah
Os tanques israelenses avançaram, nesta segunda-feira, no campo de refugiados de Jabaliya, no Norte da Faixa de Gaza, mostram os residentes e os meios de comunicação ligados ao Hamas.
Em Rafah, ao Sul do enclave, perto da fronteira com o Egito, as forças israelitas intensificaram os bombardeamentos aéreos e terrestres nas zonas orientais da cidade.
Segundo à agência inglesa de notícias Reuters, os tanques tentavam avançar em direção ao centro do campo. As tropas israelenses teriam forçado centenas de palestinos alojados em abrigos a abandonar o local.
Segundo a Al Jazeera, as forças israelenses estão disparando contra ambulâncias que tentam chegar aos feridos, enquanto os ataques aéreos israelenses atingem áreas residenciais apinhadas, no interior do campo de refugiados. Há o registro de vários mortos e feridos. Jabaliya é o maior dos oito campos de refugiados da Faixa de Gaza, que datam da guerra de 1948, quando Israel foi fundado.
No sábado, o exército israelense emitiu ordens de evacuação para os residentes de Jabaliya, pedindo que abandonassem o local “imediatamente”, uma vez que as suas forças tentavam eliminar militantes do Hamas.
– Estavam bombardeando por todo lado, incluindo perto de escolas que acolhiam pessoas que perderam as suas casas – afirmou no domingo à agência inglesa de notícias Reuters um residente em Jabaliya. “A guerra está recomeçando, é assim que parece em Jabaliya”.
O braço armado do Hamas afirmou que os seus combatentes estavam envolvidos em tiroteios com as forças israelitas em Rafah e em Jabaliya.
Em Rafah, perto da fronteira com o Egito, Israel intensificou os bombardeios aéreos e terrestres no leste da cidade, matando pessoas em um ataque aéreo a uma residência.
Os moradores afirmaram que os tanques israelenses estão agora estacionados a leste da estrada de Salahuddin, que corta a parte oriental da cidade, com a rodovia cortada por intensos combates. Os residentes acrescentaram que a parte oriental de Rafah continua a ser uma “cidade fantasma”.
Em Israel, as Forças de Defesa fizeram soar as sirenes várias vezes em áreas próximas de Gaza, alertando para potenciais lançamentos transfronteiriços de foguetes e morteiros do Hamas.
O exército enviou tanques de volta a Zeitoun, bem como a Al-Sabra, onde os moradores também relataram ataques que destruíram várias habitações.
Na cidade de Rafah, no Sul do país, vivem 1,4 milhão de palestinos, a maioria dos quais deslocados devido aos bombardeios e aos combates.
A operação militar de Israel em Gaza já matou pelo menos 35 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Os bombardeios devastaram o enclave e provocaram uma profunda crise humanitária.
Deslocamento forçado
– As autoridades israelenses continuam a emitir ordens de deslocamento forçado (…). Isto está forçando os residentes de Rafah a fugir para qualquer lado – escreveu o chefe da agência da Nações Unidas para os refugiados palestinianos (Unrwa), Philippe Lazzarini, na rede social X.
– Falar de zonas seguras é um erro – acrescentou. “Falar de zonas seguras é falso e enganador. Nenhum lugar é seguro em Gaza”, escreveu.
A guerra foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas, no Sul de Israel em 7 de outubro, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 250 foram feitas reféns, de acordo com os registros israelenses.
Segundo Israel, 620 soldados foram mortos nos combates, mais de metade dos quais durante o ataque inicial do Hamas.
Oposição dos EUA
O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, avisou no domingo que Israel se arriscava a enfrentar uma insurreição em Gaza sem um plano de pós-guerra para o enclave.
Blinken manifestou ao ministro da Defesa israelense o “firme compromisso” dos EUA com a segurança de Israel, mas expressou oposição à operação militar terrestre em Rafah, na Faixa de Gaza.
Durante uma conversa telefônica entre Blinken e o responsável pela Defesa de Israel, Yoav Gallant, foram discutidas a situação na Faixa de Gaza, “os esforços em curso para garantir a libertação dos reféns” e o objetivo comum de derrotar o movimento islamita palestino Hamas.
Uma vasta operação em Rafah correria o risco de criar “caos”, “anarquia” e “enormes danos” para a população civil “sem resolver o problema do Hamas”, alertou ainda Antony Blinken.
No entanto, o secretário de Estado norte-americano reafirmou a “oposição dos Estados Unidos a uma grande operação militar terrestre” na zona sul de Rafah.
Blinken sublinhou a necessidade de “proteger os civis e os trabalhadores humanitários” na Faixa de Gaza e instou Gallant a garantir que a assistência humanitária possa chegar ao enclave e ser distribuída enquanto Israel persegue o Hamas.
Egito e África do Sul
O Egito anunciou a sua intenção de apoiar formalmente o caso da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que alega genocídio por parte de Israel na guerra em Gaza.
Segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Egito declarou no domingo que a sua decisão de apoiar o processo “é tomada à luz do agravamento da gravidade e do alcance dos ataques israelitas contra civis palestinos na Faixa de Gaza e da perpetração contínua de práticas sistemáticas contra o povo palestino”, sublinha a nota.”.
“O Egito anuncia a intenção de intervir formalmente para apoiar o processo da África do Sul contra Israel perante o TIJ para investigar as violações de Israel ao abrigo da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio na Faixa de Gaza.”
Com este anúncio, o Egito marca um ponto de virada nas suas relações com Israel desde o início do conflito em Gaza.
A África do Sul apresentou o seu caso ao TIJ em dezembro, pedindo ao tribunal da ONU que ordenasse a Israel que suspendesse as suas operações militares em Gaza. Israel negou as alegações apresentadas pela África do Sul.
O Hamas manifestou o seu “apreço” ao Egito em um comunicado de domingo à noite, apelando a “todos os países do mundo para que tomem medidas semelhantes de apoio à causa palestina, juntando-se ao processo”.