Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2025

Israel aprova novas colônias e mantém ofensiva em Gaza

Israel aprova 19 novos assentamentos na Cisjordânia enquanto a violência em Gaza persiste, com 401 palestinos mortos desde o início da trégua. Entenda os desdobramentos.

Domingo, 21 de Dezembro de 2025 às 14:16, por: CdB

As violências nunca cessaram completamente na Faixa de Gaza: desde que a trégua entrou em vigor, em 10 de outubro, ao menos 401 palestinos morreram em agressões israelenses.

Por Redação, com RFI – de Jerusalém, Gaza

As autoridades israelenses anunciaram neste domingo ter aprovado a instalação de 19 novos assentamentos na Cisjordânia, em um contexto de intensificação da colonização desde os ataques do grupo Hamas de 7 de outubro de 2023. Ao mesmo tempo, na Faixa de Gaza, os ataques continuam, apesar do cessar-fogo em vigor.

Israel aprova novas colônias e mantém ofensiva em Gaza | O palestino Mohamed Al‑Nather chora a morte de familiares vítimas de um ataque israelense contra uma escola onde estava sendo celebrado um casamento. Cidade de Gaza
O palestino Mohamed Al‑Nather chora a morte de familiares vítimas de um ataque israelense contra uma escola onde estava sendo celebrado um casamento. Cidade de Gaza

Um funeral realizado no sábado na Cidade de Gaza ilustra a frequente violação do cessar-fogo pelas forças israelenses. Na véspera, um projétil lançado por um tanque atingiu o segundo andar do prédio de uma escola onde estava sendo celebrado um casamento. No total, seis pessoas morreram, entre elas, um bebê de quatro meses e uma adolescente de 14 anos. 

As violências nunca cessaram completamente na Faixa de Gaza: desde que a trégua entrou em vigor, em 10 de outubro, ao menos 401 palestinos morreram em agressões israelenses, entre bombardeios aéreos, disparos de artilharia e operações militares. “Isso não é uma trégua, é um banho de sangue, queremos que isso termine”, declarou Nafiz al‑Nader, diante do hospital Al‑Shifa, para onde foram levadas as vítimas do ataque de sábado.

As violações do cessar-fogo são registradas até mesmo em questões privilegiadas pelo acordo, como a distribuição da ajuda humanitária. Israel continua bloqueando a livre circulação de alimentos e medicamentos no enclave palestino.

Próxima fase do acordo 

O emissário norte-americano Steve Witkoff conduziu na sexta‑feira, em Miami, uma reunião com representantes da Turquia, do Catar e do Egito, mediadores do acordo, com o objetivo de fazer um balanço da primeira etapa do plano norte-americano para a paz na Faixa de Gaza e intensificar os preparativos para avançar para a próxima fase. 

– Reafirmamos nosso total compromisso com a integralidade do plano de paz de 20 pontos do presidente [Donald Trump] e pedimos que todas as partes cumpram suas obrigações, ajam com moderação e cooperem com os mecanismos de monitoramento – declarou Witkoff em um comunicado publicado em sua conta no X.

A segunda fase do plano norte-americano prevê o desarmamento do grupo Hamas, a retirada progressiva do exército israelense de toda a Faixa de Gaza, a criação de uma autoridade de transição e o envio de uma força internacional ao enclave palestino. Segundo Witkoff, novas consultas serão realizadas nas próximas semanas para o avanço na implementação do compromisso.

Colonização da Cisjordânia

Dificilmente a paz na Faixa de Gaza, se alcançada, resultará em uma reconciliação entre os dois povos. O governo de Benjamin Netanyahu anunciou neste domingo que a aprovação dos novos assentamentos na Cisjordânia tem o objetivo de impedir a criação de um “Estado palestino terrorista”. Com a decisão, o total de colônias autorizadas nos últimos três anos já chega a 69, segundo um comunicado divulgado pelo gabinete do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich.

A nota afirma que a proposta foi concebida em parceria com o ministro da Defesa, Israel Katz. “Continuaremos desenvolvendo, construindo e povoando a terra de nossa herança ancestral, com confiança na justiça do nosso caminho”, reitera o documento. 

A direita ultranacionalista israelense costuma se referir à Cisjordânia como “Judeia e Samaria”. Ocupado desde 1967, o território abriga hoje assentamentos onde vivem cerca de 500 mil israelenses. O local é palco de uma tensão permanente, com confrontos frequentes entre esses colonos e os aproximadamente três milhões de habitantes palestinos.

Há poucos dias, as Nações Unidas alertaram que essas construções israelenses na Cisjordânia – consideradas ilegais pelo direito internacional – atingiram seu maior ritmo desde 2017.

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