Rio de Janeiro, 01 de Abril de 2025

Talvez mais cedo do que se imagina

Por Luciano Siqueira - Comumente novos governantes iniciam sua gestão cercados de expectativas positivas, que ultrapassam os percentuais de votos que os elegeram.

Sexta, 11 de Janeiro de 2019 às 07:11, por: CdB

Comumente novos governantes iniciam sua gestão cercados de expectativas positivas, que ultrapassam os percentuais de votos que os elegeram.

Por Luciano Siqueira  - de Brasília Com o capitão presidente não é diferente. Parcela expressiva da população que votou em Fernando Haddad lhe dá um crédito de confiança. Um gesto de boa vontade que faz parte de nossa cultura política. E do jeito de ser do nosso povo.
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Um gesto de boa vontade que faz parte de nossa cultura política
Oposicionistas dão um tempo, aguardando os acontecimentos para formularem suas críticas sem que, aos olhos do grande público, pareçam intolerantes ou precipitados. Porém o novo presidente e sua equipe parecem se esmerar em palavras e gestos que contrariam expectativas e dão azo a duras críticas, inclusive advindas do campo conservador. Muitas dessas críticas têm um quê de surpresa, pois por mais bronco que seja o chefe do governo, supõe-se que haja quem, em sua equipe, segure as pontas e dê o tom. Entretanto, há um confronto aberto entre as principais iniciativas do novo governo e o que pensa e espera a maioria dos seus eleitores. Considerando dados do Datafolha, que se supõe se aproximem razoavelmente da realidade, dois terços da população discordam do alinhamento automático com os EUA. Também o conservadorismo exacerbado que o governo pretende imprimir ao sistema educacional, pautado pela consigna “Escola sem partido”, não conta com a aprovação da maioria. Diz o Datafolha que 71% acham que assuntos políticos devem ser tratados em sala de aula e 54% consideram que a educação sexual na escola seja mantida. A liberação da posse de armas de fogo, uma bandeira essencial (sic) do novo governo, é reprovada por 61% da população. A reforma previdenciária, em torno da qual há verdadeira mixórdia na equipe governamental, é rejeitada por 71%. Assim como 60% se manifestam contra as privatizações de estatais estratégicas 57% condenam da redução de direitos trabalhistas. Temas que dão conteúdo a bandeiras erguidas desde já pela oposição, com ressonância na opinião pública. Em suma, o novo governo pode conhecer um gradativo divórcio com os que o elegeram bem mais cedo do que se imagina. Este é um dado importante na conformação da correlação de forças no embate que põe em conflito amplos segmentos da sociedade e a aglutinação direitista.
Luciano Siqueira, é médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB. As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil
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