Economistas do Itaú, JPMorgan e XP prevêem que a Selic permanecerá em 10,5% até o fim de 2025. Já Bradesco e Bank of America projetam novos cortes nas taxas no próximo ano. Operadores do mercado financeiro, no entanto, apostam que os riscos de inflação levarão o BC a inverter o rumo e subir juros neste ano, conforme registraram alguns economistas.
Por Redação, com Bloomberg – de Brasília e São Paulo
A deterioração das expectativas de inflação e a iminente substituição do presidente do Banco Central deixam as apostas para a Selic longe de um consenso, com grandes bancos divididos sobre se há espaço para corte em 2025, enquanto agentes de mercado embutem na curva dos juros futuros um aumento neste ano.
As perspectivas também são impactadas pela incerteza sobre quando o Federal Reserve começará a cortar juros e pelas preocupações sobre as perspectivas fiscais brasileiras.
Economistas do Itaú, JPMorgan e XP prevêem que a Selic permanecerá em 10,5% até o fim de 2025. Já Bradesco e Bank of America projetam novos cortes nas taxas no próximo ano. Operadores do mercado financeiro, no entanto, apostam que os riscos de inflação levarão o BC a inverter o rumo e subir juros neste ano, conforme registraram alguns economistas.
Inflação
Neste mês, o BC interrompeu quase um ano de flexibilização monetária, citando fatores como uma inflação persistente e atividade resiliente. Ajustado pela inflação, o Brasil ainda tem um dos custos de financiamento mais elevados do mundo. Mesmo assim, o BC sinalizou que manterá os juros estáveis durante algum tempo para combater a piora das expectativas de inflação.
O cenário “parece consistente com nossa previsão de uma taxa Selic estável em 10,50% no futuro próximo, embora reafirmemos a falta de visibilidade, especialmente além das próximas reuniões”, escreveu Cassiana Fernandez, chefe de pesquisa econômica para a América Latina no JPMorgan, em relatório.
Analistas da XP apontam que qualquer previsão para 2025 tem “um nível de incerteza particularmente alto”, especialmente porque o mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, termina no final do ano, quando terá um substituto escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ações do Fed
A curva de juros precifica um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic até dezembro, num contexto de ceticismo sobre se a administração Lula cumprirá as metas fiscais e de preocupações sobre a tolerância do governo à inflação.
O Bradesco vê espaço para um corte no segundo semestre do próximo ano, levando a Selic para 9,5% até o final de 2025. Já o Bank of America argumenta que a flexibilização monetária pode ser retomada já em janeiro, embora isso dependa em grande parte das ações do Fed.
— A retomada de cortes depende muito do Fed, e o nosso cenário é que o Fed vai começar a cortar juros em dezembro. E aí isso daria luz verde para o Copom reiniciar o ciclo de cortes — resumiu David Beker, chefe de economia do Brasil, no BofA, em entrevista à agência norte-americana de notícias Bloomberg News.
O BC, por sua vez, mantém-se atento ao Fed, uma vez que um diferencial cada vez menor entre as taxas dos EUA e do Brasil pode desencadear um fluxo de saída de investidores.