O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos chamou a atenção dos amigos brasileiros, “que felizmente são muitíssimos”, para que não tomem por certo que as eleições de 2022 vão ocorrer com serenidade e com toda lisura democrática. Segundo o catedrático da Universidade de Lisboa, o líder popular brasileiro apresenta um desempenho 'pujante' no cenário eleitoral.
Por Redação, com RBA - de Lisboa
Uma luz no fim do túnel, “pujante”. Assim o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos classifica a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder em todas as pesquisas de intenção de voto na eleição presidencial, ao cenário político brasileiro.
— Em nível mundial significa que nem tudo está perdido. Foi uma coisa absolutamente extraordinária. O modo como os democratas europeus o acolheram para mostrar aos Estados Unidos e ao senhor (Jair) Bolsonaro (PL) o que significa ele estar lá, a solidariedade que mostraram a ele. Receberam Lula como presidente — disse, lembrando a visita do líder popular brasileiro à Europa, em novembro passado.
Virada
À agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), nesta quinta-feira, Boaventura falou de seus receios em relação às eleições presidenciais no Brasil.
— Entramos num processo em que agora os olhos estão postos nele (Lula) — acrescentou.
O sociólogo chamou a atenção dos amigos brasileiros, “que felizmente são muitíssimos”, para que não tomem por certo que as eleições de 2022 vão ocorrer com serenidade e com toda lisura democrática.
— A extrema direita está assustada com a pujança do Lula e vai tentar alguma coisa. Lula, neste momento, é o mais importante dos líderes mundiais, porque significa uma virada na onda antidemocrática que vivemos nos últimos dez anos — observou.
Para o sociólogo, se não forem usados “truques antidemocráticos” ou alguma outra forma para impedir que Lula assuma, e se a campanha eleitoral ocorrer dentro da “normalidade democrática”, a eleição de Lula será fundamental para sustentar essa virada na América Latina.
— Portanto, todas as esperanças estão postas no presidente Lula — pontou.
Alckmin
Ainda sobre o cenário internacional, Boaventura avalia que o ex-presidente Lula vai herdar um país muito diferente do que comandou.
— Lula já sabe que seu país precisa de atenção. Mas precisa de atenção onde ele foi sempre exímio: foi ele que tirou o país da fome. O país está de novo com fome. Calcula-se em 19 milhões os que estão a passar fome no Brasil. Portanto Lula, entra em seu terreno, onde marcou uma diferença extraordinária. Para além de valorizar a ciência que vai ser outra área fundamental — ressaltou.
O sociólogo analisa ainda uma possível chapa com Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin na disputa presidencial deste 2022.
— Penso em Alckmin como uma política de seguro, uma apólice de seguro para o Lula. Então, Oxalá ele não se equivoque — concluiu.