Segundo a pesquisa, 50% dos eleitores acreditam que Lula é pior do que Bolsonaro no controle da inflação, enquanto apenas 29% o consideram melhor; e 17% veem desempenho equivalente.
Por Redação – de Brasília e São Paulo
A polarização da sociedade brasileira entre as forças da ultradireita fascista e das tendências de esquerda afeta, diretamente, a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É o que sugere a atual pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada nesta sexta-feira pelo diário conservador paulistano Folha de S.Paulo.

De acordo com o levantamento, o eleitorado permanece dividido entre o presidente Lula e o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL). Ao comparar os dois governos em oito áreas, o estudo mostra que Lula é mal avaliado em temas delicados como inflação e segurança pública, enquanto se sai melhor na geração de empregos, moradia e educação. Em setores como saúde, meio ambiente e combate à pobreza, ambos registram empates técnicos, revelando a divisão do país.
Segundo a pesquisa, 50% dos eleitores acreditam que Lula é pior do que Bolsonaro no controle da inflação, enquanto apenas 29% o consideram melhor; e 17% veem desempenho equivalente. A diferença fica mais expressiva especialmente no quesito preços dos alimentos, um dos principais fatores de insatisfação popular.
Equivalentes
Parte significativa dos entrevistados acompanha a avaliação do mercado financeiro, crítico das políticas do governo no aspecto fiscal, sobre a administração dos preços e da dívida pública.
Na área da segurança pública, outro ponto de forte sensibilidade, 46% apontam Bolsonaro como melhor gestor, contra 29% que veem Lula como superior e 22% que consideram os dois equivalentes. O histórico de Jair Bolsonaro como militar da reserva e sua proximidade com forças policiais contribuem para essa percepção, mesmo diante de sua rejeição por parte de setores progressistas ligados aos direitos humanos.
Lula, por sua vez, é melhor avaliado na geração de empregos, com 43% dos entrevistados dizendo que ele é melhor do que Bolsonaro, contra 36% que consideram o contrário. No tema moradia e habitação, também apresenta vantagem, embora menos expressiva. Em educação, o petista tem 42% de aprovação contra 38% do antecessor, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais.
Equilíbrio
Entre os mais pobres, maior parcela do eleitorado e tradicionalmente eleitor do líder petista – que ganham até dois salários mínimos -, há um equilíbrio maior na avaliação, com 43% considerando Lula pior que Bolsonaro na inflação, 33% apontando Lula como melhor, e 20% indicando empate. A rejeição ao presidente aumenta conforme a faixa de renda: chega a 68% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos.
Os empates em temas como saúde, combate à pobreza e meio ambiente surpreendem, especialmente porque foram áreas de forte crítica ao governo Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2022. Na saúde, 40% veem Lula como pior, 38% como melhor, e 20% apontam desempenho semelhante.
No combate à pobreza, 41% preferem Lula, contra 40% que escolhem Bolsonaro. Já no meio ambiente, 38% consideram Lula superior, enquanto 37% o veem como inferior e 20% indicam empate.
Comunicação
Para o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) Paulo Pimenta, afastado do cargo no início deste ano, a queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pode ser atribuída a falhas na comunicação, mas exatamente a polarização da sociedade, impulsionada pelas redes sociais e por uma extrema direita “combativa, orgânica, violenta”.
— Aquilo que dificulta o índice de aprovação do governo não é a falta de políticas públicas, é o ambiente de polarização que o país vive — afirmou Pimenta.
Segundo ele, a comunicação pública, ao contrário da publicidade comercial, enfrenta resistências constantes.
— Na política, a cada iniciativa, você tem uma reação. E hoje em dia, uma reação potencializada pelas redes sociais — concluiu.