Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Sobrevoo de drones gera suspeita de ação contra Otan

Drones não identificados sobrevoam aeroportos na Dinamarca, gerando suspeitas de ação ligada à Rússia. Governo reforça segurança e investiga possíveis ataques híbridos.

Quinta, 25 de Setembro de 2025 às 10:26, por: CdB

Os drones foram vistos nos aeroportos de Aalborg (norte), Esbjerg (oeste), Sonderborg (sul) e na base aérea de Skrydstrup, antes de se afastarem por conta própria, segundo a polícia.

Por Redação, com RFI – de Copenhague

A Dinamarca identificou uma “ameaça sistemática” após drones não identificados sobrevoarem aeroportos civis e militares por duas noites seguidas. O governo atribui os voos a um “agente profissional” e investiga possível conexão com ações russas recentes na Europa. Embora não haja ameaça militar direta, o país reforça medidas de segurança e alerta para o risco de ataques híbridos às vésperas de um encontro da União Europeia em Copenhague.

Sobrevoo de drones gera suspeita de ação contra Otan | Vários drones de origem desconhecida foram avistados sobre aeroportos na Dinamarca na noite de 24 para 25 de setembro. (Imagem ilustrativa)
Vários drones de origem desconhecida foram avistados sobre aeroportos na Dinamarca na noite de 24 para 25 de setembro. (Imagem ilustrativa)

Os drones foram vistos nos aeroportos de Aalborg (norte), Esbjerg (oeste), Sonderborg (sul) e na base aérea de Skrydstrup, antes de se afastarem por conta própria, segundo a polícia.

Na segunda-feira, drones não identificados já haviam sobrevoado o aeroporto de Copenhague e o de Oslo, na Noruega, interrompendo o tráfego aéreo por várias horas. Os episódios ocorrem após incursões de drones russos na Polônia  e Romênia, e de caças russos no espaço aéreo da Estônia, embora autoridades dinamarquesas e europeias ainda não tenham estabelecido ligação entre os casos.

O governo dinamarquês, que afirma não haver “ameaça militar direta”, anunciou a aquisição de novos sistemas para detectar e neutralizar drones.

– O objetivo desse tipo de ataque híbrido é espalhar medo, dividir e nos intimidar – declarou o ministro da Justiça, Peter Hummelgaard.

Membro da Otan, a Dinamarca receberá na próxima semana líderes da União Europeia para um encontro em Copenhague. O aeroporto de Aalborg, um dos maiores do país, foi fechado temporariamente, mas reabriu horas depois. Após uma “avaliação geral da situação”, polícia e Forças Armadas decidiram não abater os drones, por questões de segurança civil, informou o chefe do Estado-Maior, Michael Hyldgaard.

A polícia afirmou que os drones tinham luzes e foram observados do solo, mas não conseguiu identificar o modelo nem os operadores. Os aeroportos de Esbjerg e Sonderborg não foram fechados, pois não havia voos previstos.

Rússia é suspeita

Uma investigação foi aberta com apoio dos serviços de inteligência e das Forças Armadas para esclarecer os sobrevoos. Após o incidente em Copenhague, a primeira-ministra Mette Frederiksen classificou o episódio como “o ataque mais grave contra uma infraestrutura crítica” no país, sem descartar envolvimento da Rússia.

Mette Frederiksen relacionou o caso a outras ações recentes, como ataques de drones, violações de espaço aéreo e ciberataques contra aeroportos europeus. Polônia, Romênia e Estônia — todos membros da Otan — responsabilizaram a Rússia, que negou envolvimento. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou as acusações de “infundadas”.

Os incidentes ocorrem uma semana após o anúncio de que a Dinamarca comprará, pela primeira vez, armas de precisão de longo alcance, alegando que a Rússia representa uma ameaça “duradoura”. No último fim de semana, aeroportos em Bruxelas, Londres, Berlim e Dublin também foram afetados por um ciberataque cuja origem não foi revelada.

A reação da Otan

A Otan intensifica esforços para enfrentar a ameaça crescente de drones e interferências em sinais de GPS na Europa. Além das incursões registradas na Dinamarca, Polônia e Romênia, navios e aviões têm sofrido tentativas coordenadas de bloqueio, gerando preocupação nas autoridades.

“Os sinais de GPS, fundamentais para o posicionamento via satélite e cruciais para a navegação, são alvo frequente de tentativas de interferência. Por isso, a Otan está testando um sistema pioneiro que permite manter a qualidade do sinal mesmo em ambientes hostis, explica o capitão de fragata Julien Dechanet, responsável pela divisão Cibernética do Comando Aliado de Transformação (ACT). “No que diz respeito à proteção dos navios, vemos que nossas embarcações são tão resilientes que é extremamente difícil bloqueá-las completamente”, afirma.

Diante da pressão, a Aliança atlântica revisou sua estratégia e buscou parcerias com startups europeias especializadas em soluções antidrone, algumas já utilizadas pelas forças ucranianas. “Fui até elas e perguntei se podiam trabalhar conosco e adaptar seus equipamentos”, disse Dechanet à agência francesa de notícias RFI.

O grande desafio é inovar para evitar o uso de armamentos de alto espectro — que são limitados — contra simples drones. “Hoje, vence a guerra quem consegue inovar mais rápido. A cada nova ameaça, o objetivo é sempre inovar antes do adversário. E, na prática, são as inovações pontuais, rápidas e de baixo custo que nos permitem enfrentar essas ameaças e, depois, desenvolver soluções duradouras. Mas tudo começa pela inovação. Surge uma nova ameaça, adaptamos rapidamente, inovamos e então conseguimos neutralizá-la”, explica.

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