Começou nesta sexta-feira o processo de troca de títulos da dívida argentina proposto pelo governo que, caso seja bem-sucedido, colocará fim à maior moratória da história. O prazo para os detentores de títulos da dívida da Argentina aceitarem ou não a proposta vai até o dia 25 de fevereiro. O país quer 75% de desconto da dívida total e anunciou que não vai mudar a proposta. Até o momento, só as empresas argentinas credoras do governo, algumas quase quebradas, aceitaram o acordo, ao contrário de outros países, como a Itália.
O governo argentino diz que o plano já começa com a adesão de diversos credores institucionais do país - como bancos, fundos de pensão, seguradoras e grandes empresas -, que respondem por cerca de 20% (US$ 16,36 bilhões) dos US$ 81,8 bilhões que serão renegociados, segundo o diário argentino La Nación.
Os fundos de pensão, sozinhos, respondem por US$ 14 bilhões do montante que já teria aceitado a renegociação. O mercado acredita que a Argentina precisa conseguir o apoio de 75% de seus credores para que a renegociação da dívida seja um sucesso. Nesse caso, aqueles que não aceitarem os novos papéis provavelmente irão acionar o governo argentino em tribunais internacionais mas dificilmente conseguirão indenizações superiores.
De acordo com a proposta argentina, os US$ 81,8 bilhões em títulos que estão sendo renegociados deverão ser trocados por papéis com valor entre US$ 38,5 bilhões (caso menos de 70% dos credores aceitem a oferta) e US$ 41,8 bilhões (se a aceitação for superior a 70%), além de um prêmio vinculado à evolução do PIB (Produto Interno Bruto) argentino.
O presidente argentino, Néstor Kirchner, disse nesta quinta-feira que a proposta não será modificada.
- Que o mundo saiba que a proposta que fizemos não será mudada, é esta a que vamos levar adiante - disse Kirchner.
Antes disso, o ministro da Economia da Itália (país que tem cerca de 450 mil credores individuais da Argentina), Domenico Siniscalco, afirmou que não houve "boa-fé" do governo argentino na elaboração da proposta.
Já Hans Humes, dirigente do Comitê Global de Detentores de Bônus Argentinos, disse que a proposta "fede" e será recusada