"A Síria não permitirá nenhuma inspeção" de seu arsenal militar ou de seu território para invalidar as acusações americanas de que possui armas químicas, afirmou esta quinta-feira o ministro sírio de Relações Exteriores, Faruk al-Shara. Damasco "contribuirá apenas com seus irmãos árabes e os países do mundo inteiro para transformar o Oriente Médio em uma região sem qualquer tipo de arma de destruição em massa, químicas, biológicas ou nucleares", afirmou Shara depois de entrevistar-se com o presidente egípcio Hosni Mubarak. Oriente Médio sem armas proibidas Na tentativa de desviar a atenção mundial de si para Israel, a Síria propôs na quarta-feira ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que ajude a transformar o Oriente Médio em uma zona livre de armas de destruição em massa. A Síria, que nega a acusação norte-americana de fabricar armas químicas, afirma que os Estados Unidos fazem vista grossa ao fato, amplamente aceito, de que Israel possui armas nucleares. A proposta de resolução apresentada pela Síria recomenda que a ONU adote todas as medidas possíveis para estabelecer "uma zona livre de armas de destruição em massa, em particular armas químicas" no Oriente Médio. O texto pede também que todos os países ratifiquem uma série de tratados internacionais de controle de armas, inclusive a Convenção sobre Armas Químicas, de 1993. Israel assinou essa convenção, mas nunca a ratificou no parlamento, enquanto a Síria não fez nem uma coisa nem outra. O embaixador sírio na ONU, Mikhail Wehbe, disse que a Síria vai ratificar o tratado se todos os outros governos da região o fizerem. O representante norte-americano na ONU, John Negroponte, disse que seu país também quer que todos os países do Oriente Médio, inclusive Israel, abram mão de armas de destruição em massa. Ele afirmou, porém, que a prioridade dos Estados Unidos no momento é garantir que o Iraque não tenha tais armas - a suposição de sua existência foi o motivo que detonou a atual guerra, mas até agora os EUA não provaram sua veracidade. Vários governos acusam Washington de agir de forma incoerente ao fazer ameaças contra a Síria, Irã e Coréia do Norte pela suposta existência de armas de destruição em massa, ao mesmo tempo em que ignora Israel, que possuiria 200 ogivas atômicas. Israel se recusa a divulgar suas atividades nucleares.
Síria não vai permitir inspeção de seu arsenal militar
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Quinta, 17 de Abril de 2003 às 07:25, por: CdB