“É desumana a economia em que 99 valem mais do que um. E apesar disso, construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e algoritmos”, escreveu o papa Francisco.
Por Redação, com Ansa – de Roma
O papa Francisco condenou uma economia que “descarta” e trata as pessoas com a “lógica fria” de números e algoritmos e afirmou que Jesus está presente em todos aqueles que são “expostos a julgamentos e preconceitos”, nas meditações para a Via-Sacra desta Sexta-Feira Santa, no Coliseu de Roma. O ritual, que repete o calvário de Cristo até a crucificação, será celebrado pelo cardeal-vigário da capital italiana, Baldo Reina, uma vez que o pontífice de 88 anos ainda se recupera de uma pneumonia bilateral que o deixou à beira da morte.

“É desumana a economia em que 99 valem mais do que um. E apesar disso, construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis”, escreveu o líder da Igreja Católica nas meditações, que foram lidas antes de cada estação da Via-Sacra.
“A economia de Deus, pelo contrário, não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra”, acrescentou Jorge Bergoglio, destacando que “o caminho da cruz está marcado a fundo na terra”. “Os grandes afastam-se dele, gostariam de tocar o céu. Em vez disso, o céu está aqui, abaixado, encontramo-lo mesmo caindo, permanecendo no chão”, salientou.
Missas
Nos textos, o Papa apontou que “este mundo despedaçado” precisa de “lágrimas sinceras” e que Jesus “continua, silenciosamente, diante de nós: em cada irmã e irmão expostos a julgamentos e preconceitos”. “Senhor Jesus, que pareceis dormir no mundo tempestuoso, levai-nos a todos para a paz do sábado”, escreveu o pontífice.
Essa é a primeira vez desde que assumiu o comando da Igreja Católica, em 2013, que Francisco não comandará as celebrações da Semana Santa, período mais importante do ano para o catolicismo.
Cada evento foi designado para um cardeal da Cúria Romana, mas os fiéis ainda esperam que o papa apareça de alguma forma nas missas dos próximos dias.
O papa ficou internado por quase 40 dias devido a uma pneumonia e recebeu alta em 23 de março. Desde então, vem permanecendo recluso a maior parte do tempo na Casa Santa Marta, sua residência oficial no Vaticano.