Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Serra, entre outros tucanos, é citado em lista de propina distribuída por empreiteiras

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Sexta, 26 de Abril de 2019 às 12:37, por: CdB

Outros colaboradores estão citados em investigações na Justiça Eleitoral, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e em relatórios das forças-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo e Curitiba. Serra é citado nas delações ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), do ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e do ex-ministro Gilberto Kassab (ex-DEM, hoje PSD-SP).

 
Por Redação - de São Paulo
  As delações de executivos das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, vazadas nesta sexta-feira para a mídia conservadora, apontam que o senador José Serra e outros políticos do PSDB paulista; além de operadores ligados ao grupo, receberam R$ 97,2 milhões em propinas, ao longo de oito anos. Segundo os delatores, o ex-governador seria o maior beneficiado no esquema criminoso. Eles acusam Serra de ter recebido ao menos R$ 39,1 milhões.
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Serra, ainda no Senado, pode ser preso a qualquer momento, caso seja comprovada sua participação em esquema criminoso
O recurso ilícito fora desviado das obras de infraestrutura do governo do Estado, em contratos fechados entre as empreiteiras e o governo. Serra esteve à frente do governo entre 2007 e 2010. Outros colaboradores estão citados em investigações na Justiça Eleitoral, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e em relatórios das forças-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo e Curitiba. Serra é citado nas delações ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), do ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e do ex-ministro Gilberto Kassab (ex-DEM, hoje PSD-SP).

Paulo Preto

No final do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou parte do inquérito contra Serra e enviou o restante para a Justiça Eleitoral. Alguns dos crimes em que ele é citado teriam sido praticados com para financiar eleições; e cometidos antes de o senador iniciar o mandato, o que não justificaria o foro privilegiado de acordo com o atual entendimento do STF. No governo de São Paulo, em 2007, Serra nomeou Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, para a diretoria de Engenharia da Dersa. De acordo com delatores da Odebrecht, um de seus primeiros atos no cargo foi cobrar 0,75% de propina dos valores recebidos pelo consórcio liderado pela empresa, em contrapartida a uma mudança contratual que permitiria o aumento dos lucros das construtoras em pelo menos R$ 70 milhões. De acordo com a investigação, as empreiteiras pagavam R$ 200 mil mensalmente. Os pagamentos da propina que seria destinada ao caixa 2 de Serra teriam terminado quando a soma estava em R$ 2,2 milhões.

As respostas

Em nota divulgada, na manhã desta sexta-feira, José Serra negou ter recebido vantagens indevidas. "Todas suas contas de campanhas ficaram a cargo do partido e foram aprovadas pela Justiça Eleitoral", diz o documento. "Serra espera que tudo seja esclarecido da melhor forma possível para evitar que prosperem acusações falsas que atinjam sua honra e ilibada trajetória pública”, acrescenta. Alckmin, por sua vez, optou por afirmar, também na nota em papel timbrado da legenda que ele preside, o PSDB, que partido nunca usou obras públicas “com a finalidade de angariar recursos para contribuições eleitorais”. "O que se tem notícia — e já é objeto de investigação e de ações judiciais reparatórias — é da prática de cartel contra a administração pública, levada a efeito por empresas privadas, mediante eventual participação de agentes públicos sem nenhuma relação com o partido, que igualmente deverão responder por seus atos perante o Poder Judiciário”, conclui.
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