Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Sem gás para queimar, governo alimenta termelétricas com diesel ainda mais poluente

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Quarta, 18 de Agosto de 2021 às 14:03, por: CdB

Segundo as autoridades do setor, no Ceará o problema é a falta de navios para regaseificar gás líquido importado, o que afeta também uma segunda térmica no Estado, a Termofortaleza. A terceira, Vale do Açu, está recebendo gás de outras fontes.

Por Redação - do Rio de Janeiro
Sem gás natural para queimar, nas usinas termelétricas, o governo pediu autorização e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) concordou, para usar óleo diesel, mais caro e poluente, como combustível em plantas de energia, naqueles Estados que não têm acesso a combustíveis alternativos. A decisão tende a pressionar ainda mais a conta de luz.
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As usinas termelétricas geram energia mais cara e poluem o meio ambiente
Nesta terça-feira, a Termoceará, da Petrobras, que estava parada por falta de combustível, passou a usar o diesel. Com a mudança, o custo de geração da usina passa a ser de R$ 1.551 por MWh (megawatt-hora), mais do que o triplo dos R$ 431atuais. A troca foi solicitada pela Câmara de Regras Excepcionais para a Gestão Hidroenergética (Creg) após a liberação de uma série de medidas para suprir a falta de gás natural. Segundo as autoridades do setor, no Ceará o problema é a falta de navios para regaseificar gás líquido importado, o que afeta também uma segunda térmica no Estado, a Termofortaleza. A terceira, Vale do Açu, está recebendo gás de outras fontes. Na autorização tomada, na véspera, a Aneel determinou que a Petrobras desloque um navio ancorado no Rio de Janeiro para o Ceará, também atendendo a pedido da Creg.

Reforço

A questão, no entanto, afeta outros Estados, como reflexo da parada para manutenção do polo de Mexilhão, um dos principais produtores de gás natural do país, localizado no litoral paulista. O sistema ficará parado por 30 dias, a partir do próximo dia 29. A Creg também pediu à Aneel que reconheça "como prioritária e estratégica a disponibilização de gás natural" para térmicas e que determine aos fornecedores do combustível que encontrem soluções para o suprimento, incluindo a substituição por óleo diesel onde possível. A Aneel avalia, ainda, o pedido da Delta Energia para permitir o uso de diesel na usina William Arjona, a mais cara do país, localizada no Mato Grosso do Sul. O projeto foi reinaugurado em julho, como reforço contra a crise, mas corre o risco de ficar sem gás com a parada de Mexilhão.

Furnas

De acordo com a Delta, o uso do óleo diesel não vai encarecer o custo da energia, uma vez que a operação ficaria mais em conta. A térmica foi inaugurada com custo de geração de R$ 1.741 por MWh, mas hoje já custa R$ 2.075 por MWh. Segundo a empresa, a alta acomoda elevação no preço do gás. Em comunicado ao mercado na semana passada, a Petrobras diz que "segue envidando todos os esforços para maximizar a disponibilidade de gás ao mercado durante a parada programada, observando sempre a segurança de suas operações e o respeito ao meio ambiente". A companhia diz que já ampliou a capacidade de importação de gás no Rio de Janeiro, transferiu um navio do Ceará para a Bahia e vem buscando no mercado cargas de gás importado. Operadora da termelétrica Santa Cruz, a Eletrobras Furnas disse em nota que a usina possui duas unidades geradoras com gás natural e está operando normalmente, conforme despacho do ONS.
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